Reunião também teve como finalidade eleger representantes para conselho fiscal da ULES
Na segunda-feira (28), aconteceu o 3º Encontro de Grêmios Estudantis de Londrina e Região. A reunião foi organizada pela ULES (União Londrinense de Estudantes Secundaristas) e ocorreu na Biblioteca Municipal Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, localizada no centro da cidade.
Os grêmios estudantis são espaços de representação dos alunos, responsáveis por apresentar suas reivindicações e exigir o cumprimento de direitos deste segmento frente à direção escolar bem como a demais órgãos, garantindo, assim, a gestão democrática da educação. Também contribuem para a formação através da promoção de campeonatos, festivais de músicas, cursos, jornais, excursões, debates, festas, teatro, entre outras atividades culturais.
Em entrevista ao programa Aroeira, Randher Lima, aluno do curso técnico de Biotecnologia do IFPR (Instituto Federal do Paraná) e presidente da ULES, conta que evento teve como uma de suas principais finalidades eleger cinco representantes que irão compor o conselho fiscal da organização. O órgão tem caráter fiscalizador, deve gerir a entrada e saída de recursos como o destinado à produção de materiais.
“Atualmente, não tínhamos instituído o conselho fiscal da entidade, então, o encontro de grêmios surgiu com esta demanda: precisamos criar o conselho fiscal. Ele foi organizado com o intuito de eleger cinco estudantes para compor o conselho fiscal, seguindo as regras do nosso estatuto que fala que não pode ser ninguém da diretoria executiva da ULES”, explica.
Ainda, de acordo com Lima, a reunião pautou queixas de repressões sofridas por estudantes no cotidiano das escolas como a impossibilidade de ir ao banheiro e tomar água. A liderança indica que os relatos têm chegado a ULES, majoritariamente, através de redes sociais.
“Estudantes comentaram sobre abuso de autoridade por parte de professores, de não deixar sair da sala para ir ao banheiro ou tomar água, usando a exceção como regra. ‘Ah, eu não vou deixar você sair porque sabe Deus quando eu deixei alguém sair e a pessoa ficou enrolando, passeando no colégio’. Não é a regra isso. Aconteceu de um aluno passar mal por ficar dentro da sala segurando urina”, ressalta.
O presidente observa que as legislações que sustentam a organização dos grêmios estudantis foram debatidas com os participantes como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e Lei nº 7.398, de 1985, que assegura os grêmios como entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas com finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e sociais.
“Não estamos em todas as escolas de Londrina, porém os grêmios estão. Na nossa gestão da ULES, a nossa principal tarefa é dar auxílio aos grêmios porque, na prática, todo mundo sabe que o grêmio estudantil é independente, livre, só que a execução disso é problemática. Então a ULES se colocou à disposição para ajudar o pessoal, sempre que precisar mandar mensagem para algum diretor da ULES, entrar em contato com a gente para a ULES assessorar os grêmios e os estudantes que estão sofrendo algum tipo de repressão”, acrescenta.
Lima pontua que a expectativa é que os encontros ocorram a cada dois meses. O intuito é fortalecer o movimento estudantil na cidade e restabelecer o vínculo da ULES com as escolas. A entidade voltou às atividades em junho deste ano, após mais de uma década sem gestão.
“Como a nossa gestão é a primeira após a refundação da ULES, estamos tendo estas problemáticas extras no quesito de que ela sumiu do mapa. Tudo que tínhamos de movimento estudantil em Londrina ficou esquecido. Então, estes encontros de grêmios que vão acontecer é também para que não seja uma gestão que tem 22 cargos executados à toa. A nossa ideia é realmente estar no dia a dia de cada escola e estudante”, afirma.
Atualmente, a ULES não possui sede, sendo esta uma das reivindicações da associação. Mais informações sobre o coletivo podem ser consultadas na página @ules_londrina.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.