Expectativa do grupo é reunir 2 mil assinaturas e protocolar documento junto ao Ministério Público, Câmara Municipal e Prefeitura
O reajuste da tarifa do transporte público em Londrina tem mobilizado diferentes segmentos da cidade. Além de manifestações e panfletagem (saiba mais aqui), o Comitê Popular de Luta Brasil Livre Calçadão juntamente com o Centro de Direitos Humanos de Londrina e o Coletivo Popular Movimento Vista Bela criaram um abaixo-assinado que solicita a suspensão imediata do aumento, conforme explica Maria Giselda da Fonseca.
A assistente social, uma das coordenadoras do Comitê Popular de Luta Brasil Livre Calçadão e membra da Comissão de Saúde do Centro de Direitos Humanos classifica o acréscimo como “abusivo”. Desde 1º de janeiro, os passageiros têm que desembolsar R$ 0,95 a mais. O valor de cada viagem saltou de R$ 4,80 para R$ 5,75, representando acréscimo de quase 20%.
“Nós não concordamos, nós achamos que é um roubo, até porque a inflação não chega a 5% e esse aumento chega a quase 20%, penalizando toda a população usuária do transporte, estudantes, enfim, causando transtorno praticamente para todos os londrinenses. Então, nós estamos nessa luta, nessa briga, porque não é possível a gente conviver vendo piorar a situação da classe trabalhadora”, diz.
De acordo com Maria Giselda, outras demandas levantadas pelo grupo são a tarifa zero e melhorias na qualidade do serviço. Hoje, aproximadamente 80 cidades no país possuem o passe livre, o equivalente a menos de 2% do total de municípios.
Em novembro de 2023, o vereador Emanuel Gomes (Republicanos) protocolou projeto de lei que estabelece a gratuidade do transporte coletivo em Londrina. A implementação da isenção seria gradativa. Em 2025, teria redução do preço da passagem em 30%, chegando a 100% em 2027. O custeio teria fontes diversas como multas de trânsito.
“Há recurso para isso, é só ter vontade política para que a Prefeitura de Londrina implante o mais rápido possível a tarifa zero para todos os londrinenses. Essa é a nossa luta mais ampla da questão do transporte coletivo e, evidentemente, que nós queremos também uma melhor qualidade do transporte. Porque hoje, infelizmente, está um caos, a demora, ônibus superlotado, ônibus velho, quebrando o tempo inteiro e deixando as pessoas na rua”, adverte.
Em entrevista à Folha de Londrina, o prefeito Marcelo Belinati (PP) disse que é favorável ao projeto, porém afirmou que é preciso cautela para delimitar a fonte de recursos.
Maria Giselda destaca que o preço mais alto atinge, principalmente, as camadas mais vulneráveis da população que têm seu direito de ir e vir limitado. Vale ressaltar que o transporte é um direito social garantido pelo Artigo 6º da Constituição Federal.
“Nós estamos lutando, um transporte que dê condições das pessoas pegarem, independente da classe social, pegar esse ônibus e trabalhar, estudar, por lazer, porque da forma como está é impossível uma pessoa da periferia sair de ônibus aí com duas, três pessoas da família para ir passear no centro ou no Igapó, qualquer lugar que seja”, acrescenta.
Ainda, segundo Maria Giselda, é finalidade do abaixo-assinado solicitar a implementação de uma política de transporte público que preze pelo interesse social e não apenas atenda as maiores intenções de lucro das empresas que fornecem o serviço. “Colocar em prática uma política de transporte público e não uma política de transporte privado que, por questões de lucro, acaba penalizando toda uma população”, assinala.
Atualmente, duas empresas operam o transporte público na cidade: Transportes Coletivos Grande Londrina e Londrisul. Diariamente, cerca de 44 mil pessoas utilizam o transporte coletivo na cidade.
Como assinar
Nesta próxima quinta-feira (18), representantes dos coletivos realizam nova panfletagem em frente ao Terminal Central a partir das 17h. Além da versão impressa, é possível assinar a versão online do documento, disponível aqui.
Segundo Maria Giselda, lideranças sindicais e de movimentos sociais que desejarem aderir ao abaixo-assinado e disponibilizar para seus associados, poderão entrar em contato através dos números (43) 9995-7387 (falar com Maria Giselda); (43) 9912-6078 (falar com Alisson) ou (43) 98416-0432 (falar com Cris).
A intenção é recolher pelo menos 2 mil assinaturas e entregar o documento ao Ministério Público, Câmara de Vereadores e ao prefeito, Marcelo Belinati (PP).
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.