Categoria conquista reajuste de 4,64% e inclui cláusulas importantes, com foco em equidade de gênero e melhores condições de trabalho
Nesta quarta-feira (4), os bancários de Londrina e região participaram de assembleia virtual para votar as propostas apresentadas pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) à categoria. As deliberações incluem tanto as propostas gerais apresentadas pela Fenaban quanto as específicas dos bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
As tratativas, que duraram dois meses, resultaram em um reajuste salarial de 4,64% e a inclusão de importantes avanços em demandas como a equidade de gênero.
“Pedimos melhorias salariais para as mulheres e o acesso a setores que antes eram restritos apenas aos homens”, explica Laurito Porto Lira, diretor de formação do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região.
Ainda segundo a liderança, a participação dos trabalhadores nas assembleias é de grande importância, a fim de lutarem por melhores reajustes salariais. “Conseguimos construir uma proposta ideal, levando em conta a conjuntura. Um dos principais ganhos foi evitar a perda salarial imposta no início das negociações, além do ajuste de 4,64%”, destaca.
A pauta também inclui melhorias específicas para os caixas do Banco do Brasil, que terão prioridade para concorrer a cargos com salários iguais ou superiores e um acréscimo de 6% nos vencimentos. No Banco do Brasil, além das melhorias para os caixas, foram inseridas três novas cláusulas e um novo parágrafo no acordo coletivo. Essas conquistas ampliam os direitos dos bancários, embora, o reajuste salarial tenha ficado aquém das expectativas iniciais da categoria.
Assembleias em todo o Brasil
A votação faz parte de um esforço coordenado nacionalmente. De acordo com matéria publicada pela Contraf-CUT, os sindicatos dos bancários em todo o Brasil estão realizando assembleias para aprovar os acordos negociados com a Fenaban e os bancos públicos.
Um dos principais destaques é a conquista de aumentos reais para salários e verbas para o próximo ano. Além disso, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) foi mantida, garantindo uma importante fonte de complementação de renda para os trabalhadores.
A entidade também destacou que, no cenário nacional, as negociações asseguraram reajustes que superam a inflação, com previsões de novos aumentos reais para 2024. Ainda, direitos como vale-alimentação, auxílio-creche, entre outros benefícios, foram mantidos, garantindo a estabilidade e proteção da categoria.
Continuidade da luta e ação judicial
Outro ponto de destaque nas negociações envolve a ação judicial que o sindicato mantém em favor dos caixas do Banco do Brasil, que possuem mais de 10 anos, com comissão e gratificação até o ano de 2017.
Laurito cita que no novo acordo, os caixas terão prioridade em concorrer a novos cargos, com salário superior ao atual. “A situação do Banco Brasil é específica, tem a questão dos caixas, a gente conseguiu colocar um acordo que até dezembro eles continuam recebendo como caixa e que eles têm a prioridade para poder concorrer a outros cargos com salário igual ou maior ao de caixa, eles vão estar concorrendo para uma vaga com o salário 6% maior do que eles têm hoje”, acrescenta.
Para o diretor do Sindicato, essa ação ainda está em andamento e visa a incorporação definitiva desses direitos. “Conseguimos avançar bastante, tanto no acordo com a Fenaban quanto nos específicos de bancos públicos, mas a luta continua”, conclui.
Confira os principais pontos das propostas apresentadas pela Fenaban e Caixa:
Verba de requalificação
– Reajuste de 8%, com isso o valor passa a ser R$ 2.285,84.
Piso de contínuos e pessoal da portaria
– Reajuste salarial de 15%.
Combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho
– Pela primeira vez, os bancos concordaram em incluir explicitamente o termo “assédio moral” nas negociações, atendendo a uma reivindicação histórica da categoria; estabelecida manifestação de repúdio contra qualquer violência no ambiente de trabalho;
– Criação de um canal de apoio dedicado às vítimas e de um canal específico para denúncias de assédio e outras formas de violência, que incluirá atendimento às bancárias vítimas de violência doméstica.
Mulheres na tecnologia
Devido à queda no número de mulheres na categoria, em especial devido ao avanço da tecnologia:
– Concessão de 3.000 bolsas de curso para capacitar mulheres, pessoas trans e PCDs em programação, visando aumentar a representatividade feminina no setor tecnológico;
– Além disso, 100 bolsas serão oferecidas para programa intensivo de aprendizagem, voltado para a formação avançada de mulheres na tecnologia.
Pessoas com Deficiência (PCDs)
– Concessão de abono de ausência para conserto ou reparo de próteses, garantindo que trabalhadores com deficiência possam atender às suas necessidades sem prejuízo.
Prevenção à violência contra a mulher bancária
– Implementação de um canal de apoio exclusivo e outras medidas específicas para proteger as mulheres bancárias contra violência, garantindo um ambiente de trabalho mais seguro.
Combate à violência contra a mulher na sociedade
– Os bancos se comprometem a manifestar publicamente o repúdio à violência contra a mulher, além de disseminar informações e recursos para apoiar a prevenção desse tipo de violência.
Igualdade salarial entre homens e mulheres
– Compromisso com a igualdade salarial entre gêneros;
– Adesão ao Programa Empresa Cidadã, garantindo licença-maternidade de 180 dias e Licença-paternidade de 20 dias.
Mudanças climáticas e calamidades
– Em caso de desastres naturais ou outras calamidades, será garantida a criação de um Comitê de Gestão de Crise, quando solicitado pelo Comando Nacional dos Bancários;
– O comitê terá a autorização prévia para tomar decisões necessárias que assegurem a proteção e os direitos dos bancários afetados;
– Implementação de medidas trabalhistas específicas durante situações de calamidade para assegurar vida e o bem-estar dos trabalhadores.
Censo da categoria 2026
– A Fenaban se comprometeu a planejar em 2025 e realizar até o final de 2026 uma nova edição do Censo da Diversidade do Setor Bancário, para mapear e promover a diversidade no setor.
Inteligência artificial e requalificação
– Iniciativas de requalificação profissional para adaptar a força de trabalho às novas demandas tecnológicas.
LGBTQIA+, com destaque para pessoas transgênero
– Os bancos reforçam seu repúdio à discriminação e garantem o uso do nome social para pessoas transgênero, antes mesmo da obtenção do registro civil, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo.
Matéria do estagiário Jader Vinicius Cruz sob supervisão.