Este biocombustível emite 90% menos CO2 na atmosfera, gás que tem maior contribuição para o aquecimento global
Londrina entra para a história da mobilidade urbana sustentável como a primeira cidade do Brasil a realizar teste de ônibus urbano movido 100% a biometano. O coletivo será incorporado pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) ao transporte coletivo na cidade, para passar por um período de análise. O lançamento do veículo aconteceu na sede da Prefeitura Municipal de Londrina (PML), na manhã desta quarta-feira (8), onde foi realizada uma volta inaugural com duração aproximada de 30 minutos.
A iniciativa é da Prefeitura de Londrina, em conjunto com a Companhia Paranaense de Gás (Compagas), e em parceria com a empresa Scania. O objetivo é buscar uma mobilidade urbana ambientalmente correta, em sintonia com as metas de sustentabilidade da Organização das Nações Unidas (ONU). Isso porque o biometano, que é um biocombustível gasoso extraído a partir do processamento do biogás, emite 90% menos dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, gás que tem maior contribuição para o aquecimento global.
O ônibus incorporado pela CMTU será testado por aproximadamente um mês, de 12 de junho a 14 de julho. Durante o período de avaliação, o abastecimento a biometano será feito pela Gastech. Nesse intervalo, o coletivo será utilizado em quatro linhas distintas operadas pela concessionária Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL). Na primeira semana, atenderá aos usuários da linha 501 – Terminal Vivi Xavier; na segunda, rodará na 314 – Olímpico. Na terceira semana de testes, estará disponível para os passageiros da linha 803 – Terminal Vivi Xavier – Shopping Catuaí. E na quarta e última etapa de observação, o ônibus fará o itinerário da 904 – Terminal Vivi | UEL | Terminal Acapulco.
O intuito é que, comprovada a eficácia da tecnologia, futuramente veículos similares – e mais sustentáveis – passem a integrar a frota do transporte coletivo no município, visando contribuir para uma cidade mais limpa e inteligente. Atualmente, a cidade transporta a cada mês, em média, 2.200.000 passageiros.
O prefeito Marcelo Belinati enfatizou que Londrina é a cidade mais sustentável do Paraná e a segunda do sul do Brasil. Para ele, não há dúvidas de que esta iniciativa será exportada para diversas cidades do país e até para o mundo. “O biometano reduz em até 90% as emissões de poluentes na atmosfera, o metro cúbico dele custa cerca de metade do preço do diesel, e somos a primeira cidade do país onde vai haver este teste em linha regular com passageiros. Após o período de avaliação, em uma segunda etapa, vamos analisar os resultados para avaliar a eficácia e possível implantação na cidade. Paralelamente, estamos trabalhando para que a nossa Central de Tratamento de Resíduos (CTR) possa começar com a produção de gás e assim proteger o meio ambiente e tornar a cidade ainda mais sustentável”, afirmou.
O presidente da CMTU, Marcelo Cortez, disse que os testes serão feitos em linhas diárias, utilizadas pela população. “Vamos fazer a medição com relação à eficiência e economicidade. Nossa intenção é implementar esta inovação em nossa frota, em linhas normais. Estamos ansiosos pelos números dos testes, pois embora este ônibus tenha um custo 20% maior que um ônibus normal, sabemos que a eficiência dele e a economicidade são maiores, além do ganho ambiental que isso proporciona”, apontou.
O presidente da Compagas, Rafael Lamastra, parabenizou a cidade de Londrina e disse que o município servirá de exemplo para outras cidades do Brasil. Na sequência, ele explicou que o biometano é o biogás purificado, cuja principal vantagem é ambiental. “O gás natural já reduz de 20% a 25% a emissão de partículas e CO2 na atmosfera, enquanto o biometano chega a 90%. No caso deste ônibus, ele está sendo abastecido com biometano produzido a partir da cana de açúcar, ou seja, temos e um ciclo totalmente circular e sustentável”, relatou.
De acordo com Lamastra, a Compagas está fazendo todo o processo de transformação, adicionando o biometano na sua matriz, pois a ideia é transformá-la em uma empresa mais sustentável. “Com isso, lá na frente, estaremos distribuindo tanto o gás natural como o biometano, já que os dois podem circular no mesmo gasoduto, no mesmo duto, no mesmo motor, como no caso do ônibus”, frisou.
O gerente de Sustentabilidade da Scania, Paulo Genezini, informou que a autonomia de um veículo abastecido com biometano varia de acordo com a operação, mas em um ônibus como este fica em torno de 300 km, que é suficiente para uma jornada de um ônibus urbano. “Com relação à economia, o que temos encontrado, tanto no transporte de passageiros quanto no de cargas, é uma economia no custo de operação em torno de 20%. Isso, obviamente, depende de fatores como o preço do metro cúbico, do litro, da carga e consumo, mas tem se mostrado viável na maioria das operações que nós temos, com a grande vantagem de ser menos poluente, do ponto de vista de gases do efeito estufa e gases poluentes que fazem mal, por exemplo o material particulado e o NOx, proporcionando um grande benefício para a saúde pública”, ressaltou.
O lançamento do primeiro ônibus urbano movido 100% a biometano no país integra um projeto ligado à mobilidade urbana sustentável conduzido pela Compagas e pela Scania. A ação tem por objetivo certificar os indicadores de eficiência, em especial, a redução de emissões de poluentes nas grandes cidades.
Também estiveram presentes na solenidade de lançamento do ônibus, o vice-prefeito, João Mendonça; o deputado estadual, Tercilio Turini; os vereadores Eduardo Tominaga, líder do executivo na Câmara, e Matheus Thum; o diretor da P.B. Lopes, Casa Scania em Londrina, José Henrique de Souza Gomes; o diretor da TCGL, Rodrigo de Oliveira; o diretor da Londrisul Transportes Coletivos, Amarildo Lopes; a coordenadora do Núcleo Regional da Casa Civil do governo do Paraná, Sandra Moia; além do secretariado municipal.
Fonte: Blog Londrina