Membro da “República Olavista” de Londrina comete crime de apoio a atos terroristas e disseminação de fake news
O membro da “República Olavista” de Londrina, e também professor universitário, Gabriel Giannattasio, incita, comemora e reitera seu apoio aos atos terroristas de Brasília realizados no último domingo (08.01.2023) contra a sede dos três poderes da República. Giannattasio é professor do departamento de história da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Em suas redes sociais, Gabriel explicita diversos crimes intoleráveis e repudiantes. Suas postagens dos últimos dias mostram apoio e devoção ao ato criminoso ocorrido em Brasília na tarde do último domingo, 8 de janeiro, além de pedir reiteradamente intervenção militar no país.
A reportagem identificou que o professor ataca com frequência os ministros do STF. Além disso, ao longo dos anos suas visões e posições conservadoras e fascistas têm sido objeto de repúdio de inúmeros professores e estudantes da UEL. Seus críticos manifestam preocupação com o conteúdo das aulas e quanto sua capacidade de exercer a função de professor universitário.
Quem é Gabriel Giannattasio?
Gabriel Giannattasio é historiador e professor associado na Universidade Estadual de Londrina (UEL), desde 1994. Ele fez graduação e mestrado em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e doutorado na mesma área pela Universidade Federal do Paraná. Faz parte da “República Olavista” de Londrina, que conta com cabeças do bolsonarismo “intelectualizado”, seguidores de Olavo de Carvalho, com figuras como Paulo Briguet, Bernardo Kuster, Filipe Barros, entre outros. Em 2022, Giannttasio foi candidato à reitoria da UEL. Ele ficou “famoso” por trazer o conservadorismo como tema de sua chapa, que ficou em quarto e último lugar nas eleições. Antes disso, o professor já causava impacto no departamento de História da UEL.
As posturas do professor Gabriel foram denunciadas à reitoria da UEL. Consultada, a assessoria de comunicação da UEL informou que a atual gestão da reitoria, eleita em 2022, está ciente das situações e irá apurar as denúncias realizadas.
Postura e responsabilidade do agente público
Posturas e atos de incitação ao crime realizadas por agente público, mesmo em seus espaços privados, como redes sociais, devem ser analisadas e tratadas pelo órgão público ao qual ele (agente público) está vinculado?
Sim.
Diversas universidades públicas do Brasil já se posicionaram sobre o tema. A Universidade Federal de Minas (UFMG) publicou em nota oficial que está recebendo denúncias sobre membros da comunidade que tenham participado ou incentivado atos terroristas, esclarecendo que os relatos devem ser encaminhados à Ouvidoria e, no caso de servidores, pode haver demissão por lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional.
A Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) também reverbera as denúncias que estão sendo recebidas, e garante que “os registros feitos na Ouvidoria serão remetidos aos órgãos competentes da Unesp para apuração e análise dos casos relatados.”. A Universidade também reafirma o seu repúdio aos discursos de ódio e às manifestações de intolerância, e enfatiza seu compromisso irrestrito com o Estado Democrático de Direito.
A própria a UEL, instituição que abriga o servidor e professor Gabriel Giannattasio publicou nota em Defesa da Democracia diante dos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.
Denúncia anterior
Em 2018, por exemplo, o professor Gabriel exibiu aos seus alunos o documentário que analisa a ditadura militar sob a ótica revisionista: “1964 – O Brasil entre armas e livros”, dirigido e produzido pela Brasil Paralelo. O filme traz uma abordagem de que a ditadura militar foi uma medida necessária para livrar o país do comunismo. Coincidência com os dias atuais?
Denunciado à reitoria, até o momento o não se sabe da situação do processo. Conversamos com pessoas que denunciaram o professor e suas declarações criminosas dentro do campus para a ouvidoria da UEL. Elas relatam que nunca tiveram qualquer retorno sobre o processo.
A Assessoria de Comunicação da Reitoria da UEL foi procurada. A explicação dada foi que o processo de denúncias através da ouvidoria sofreu algumas modificações nos últimos tempos. Informou que quando uma denúncia anônima era realizada, o denunciante não conseguia acompanhar os passos e evoluções do processo. Devido a isto, houve troca de sistema. E, o sistema hoje em funcionamento permite que mesmo as denúncias anônimas gerem um número de protocolo para acompanhamento. A Assessoria reforça que toda denúncia apresentada será analisada com a seriedade necessária e pode ser realizada por meio dos links:
Ouvidoria da UEL: http://www.uel.br/ouvidoria/wb/pages/formulario-ouvidoria.php
Sistema SIGO – https://www.sigo.pr.gov.br/cidadao/432/atendimento?embed=true
Ainda por meio da Assessoria de Comunicação da UEL fomos informados que a atual gestão da reitoria, eleita em 2022, está ciente das situações e se compromete a apurar as denúncias realizadas.
Cronologia dos crimes
08 de janeiro de 2023: No domingo, dia da invasão de criminosos aos prédios dos Três Poderes, professor Giannattasio publica vídeos de manifestantes que estavam invadindo os prédios públicos durante os atos terroristas em Brasília, com a legenda de “Para quem puder, o caminho é Brasília! Abaixo a Ditadura”, em referência a “Ditadura do STF”.
01 de janeiro 2023: publica print de mensagem enviada ao instagram oficial do Exeército Brasileiro, chamando-os de “covardes” por não terem concretizado intervenção militar.
31 de dezembro de 2022: cobra das Forças Armadas Intervenção Militar, mais uma vez.
22 de dezembro de 2022: pede intervenção militar e socorro às Forças Armadas.
7 de dezembro de 2022: o professor faz uma postagem em tom de ameaça, com uma foto da rampa do Palacio do Planalto e a legenda “Eu tentei subir a rampa. Disseram que eu não posso. Ela está reservada só para ladrão. E aí? Vamos deixar?”
Além disso, é comum encontrar nas redes sociais do professor inúmeras postagens de extrema-direita que incluem fake News.
21 de outubro de 2022: O professor ataca os ministros do STF, associando a imagem do Ministro Alexandre Moraes a Hitler.
10 de outubro de 2022: postagem que, sem fontes, diz que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, da extrema direita, pede votos para o Bolsonaro.
O papel e responsabilidade da Universidade
Espera-se de uma universidade pública o comprometimento ético e cívico exemplar diante de figuras, ainda mais do corpo docente, que compõe sua comunidade. O professor universitário de Londrina, Gabriel Giannattasio incitou os atos terroristas e criminosos em Brasília, pede intervenção militar no país, acusa as eleições de serem fraudadas, não respeita o Estado Democrático de Direito e Constituição Federal. Ele jamais poderia estar lecionando sob poder público diante de tais acusações.
Alunos e alunas, professores e professoras, cidadãos e cidadãs, aguardam uma resolução da Universidade Estadual de Londrina acerca desta figura. Gabriel Giannattasio inspira o fascismo dentro da instituição, demonstra incapacidade profissional em sua área ao relativizar o golpe militar de 64 e pedir intervenção militar nos dias de hoje. Tudo isso após termos um presidente democraticamente eleito e reconhecido internacionalmente, inclusive pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.
E para isso, é preciso sempre denunciar!
Fonte: Jornalistas Livres