Artista foi vítima de feminicídio no Amazonas
Londrina se mobiliza nesta sexta-feira (12), às 17h30, para a realização de uma bicicletada em memória à artista Julieta Hernández. O ponto de encontro será na Vila Cultural Canto do Marl (Av. Duque de Caxias, nº 3241 – Centro). A atividade é aberta a toda população que deseja celebrar a vida de Julieta e denunciar a violência sofrida pela palhaça “Miss Jujuba” como também era conhecida.
Mariana Ferrari, atriz e palhaça, compartilha a importância do evento, destacando o legado de Julieta Hernandez na palhaçaria e a crueldade do crime de feminicídio que tirou sua vida. “É chocante ver as matérias e imaginar o quanto ela sofreu. Portanto, a bicicletada, simbolizando essa palhaça em sua bicicleta, é a maneira que encontramos de conscientizar sobre a violência contra a mulher”, diz Mariana.
O percurso seguirá até o Zerão, e os organizadores encorajam os participantes a escolherem o meio de locomoção que preferirem, seja de bicicleta, a pé, ou de carro. A união é em prol da justiça e da conscientização acerca da violência contra a mulher.
Julieta Inês Hernandez Martinez: artista que retornava para Venezuela pedalando por diversas cidades brasileiras e que não fomos capazes de proteger em nosso território
Julieta Hernandez, aos 38 anos, era uma multiartista venezuelana, envolvida entre outras atividades, com a confecção e manipulação de marionetes. Identificava-se como uma migrante nômade cicloviajante, percorrendo longas distâncias de bicicleta há mais de dois anos. Iniciou sua última jornada no estado do Rio de Janeiro, com destino à cidade de Puerto Ordaz, na Venezuela, onde sua mãe reside.
Em 23 de dezembro de 2023, ela estava em Presidente Figueiredo, a 120 km de Manaus, com a próxima parada planejada em Rorainópolis, Roraima. No entanto, a artista não chegou ao seu destino, levando amigos a iniciar uma campanha de buscas independente devido à estranheza do seu desaparecimento.
No dia seguinte, partes da bicicleta que Julieta utilizava foram localizadas pelos amigos. O Boletim de Ocorrência foi registrado na Delegacia Virtual, oficializando o desaparecimento da artista.
Em 4 de janeiro de 2024, o delegado do caso confirmou o assassinato de Julieta Hernández. Um casal foi preso, revelando que ela foi vítima de violência sexual, seguida por queima e assassinato por asfixia. A brutalidade do crime abalou a comunidade, gerando comoção diante da violência perpetrada.
Diversidades cidades do país anunciaram atividades em homenagem à artista, conforme anunciado pela página @bicicletadajulieta.
“Destino é cada lugar que a gente chega”
Julieta Hernandez marcou presença. Ao longo de sua jornada, alcançou povoados e vilas, aqueles que frequentemente são esquecidos como parte do Brasil. Plantou diversão, colheu sorrisos, documentou minuciosamente cada experiência e expressou de maneira encantadora os momentos vividos.
Perdeu a vida no lugar onde buscava paz e acolhimento, simplesmente por ser mulher e querer percorrer o Brasil. Até quando?
*Matéria da estagiária Joyce Keli sob supervisão.