Rede Alyne, anunciada pelo presidente em Belford Roxo, tem como objetivo reduzir a mortalidade materna em 25% até 2027 e terá investimentos de R$ 1,4 bilhão neste e no próximo ano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta quinta-feira (12), em Belford Roxo (RJ), a Rede Alyne, voltada ao cuidado integral às gestantes, com o objetivo de reduzir os índices de mortalidade materna e dos bebês. O nome presta uma homenagem a Alyne Pimentel, que morreu grávida de seis meses por desassistência no município da Baixada Fluminense em 2002.
Alyne tinha 28 anos, era negra, casada e mãe de uma filha que então tinha cinco anos e que hoje participou da cerimônia. O caso foi levado pela mãe da vítima, Maria de Lourdes da Silva Pimentel, à Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (Cedaw), órgão ligado à ONU, que responsabilizou, em 2011, o Estado brasileiro pela falta de atendimento à vítima.
Lula também inaugurou o Hospital Infantil Milene Isabely Christovam, nome de uma adolescente morta aos 14 anos vítima de bala perdida na cidade. Ela completaria 15 anos no dia 18 de setembro.
Ao falar sobre a criação da rede, Lula alertou os homens para a atenção às mulheres: “Muitas vezes nós, homens, não temos a sensibilidade de perceber o que a mulher sofre na gravidez até o parto, o risco que elas correm”.
O presidente também salientou que, com a rede, “queremos que a mulher seja atendida com decência, que faça todos os exames necessários durante a gravidez”.
Emocionado, o presidente recordou a perda de sua primeira esposa, Maria de Lourdes da Silva, e de seu primeiro filho durante o parto, em 1971. “Hoje eu tenho certeza absoluta de que foi relaxamento, falta de trato, porque as pessoas pobres muitas vezes são tratadas como se fossem de segunda categoria. E quando é pobre, mulher e negra, é tratada como se fosse de terceira categoria”.
Lula enfatizou que é preciso “tratar todas as pessoas com respeito, com carinho e amor porque não vamos criar uma sociedade civilizada, humanamente respeitosa, se a gente não cuidar das pessoas independentemente da cor, do berço em que nasceram ou da religião”.
Após falar sobre algumas das conquistas de seu atual governo — como a geração de três milhões de vagas de emprego com carteira assinada e a recuperação da política de valorização do salário mínimo —, Lula também abordou o tema da segurança pública, fazendo referência ao caso da menina Milene e abraçando a mãe da jovem, Michele Christovam.
“O governo federal não é responsável pela segurança pública; são os governadores de estado. Mas, estou convocando, ainda neste mês, os 27 governadores para discutirmos com seriedade uma política de segurança pública para proteger a população. Não é possível que pessoas continuem morrendo por bala perdida como vem acontecendo”, disse o presidente.
Rede Alyne
A Rede Alyne é uma reestruturação da antiga Rede Cegonha e tem como objetivo reduzir a mortalidade materna em 25% até 2027.
De acordo com o governo, em 2024, o Ministério da Saúde vai investir R$ 400 milhões na rede. Em 2025, o aporte chegará a R$ 1 bilhão.
Além disso, haverá um novo modelo de financiamento com a distribuição mais equitativa dos recursos para reduzir desigualdade regionais e raciais. O financiamento será por nascido vivo, por local de residência e município do atendimento.
O Ministério da Saúde também informou que vai triplicar o repasse para estados e municípios realizarem exames pré-natal: de R$ 55 para R$ 144 por gestante. Novos exames serão incorporados à rede e o pré-natal passará a ter testes rápidos para HTLV, hepatite B e hepatite C.
Outro passo nessa direção será dado por meio do Novo PAC Saúde, com a construção de 36 novas maternidades e 30 novos Centros de Parto Normal, totalizando R$ 4,85 bilhões de investimento na etapa de seleções, com prioridade para as regiões com piores índices de mortalidade materna. Com isso, a estimativa é de que mais de 30 milhões de mulheres sejam diretamente beneficiadas.
Hospital infantil
“Com a inauguração desse hospital, o Ministério da Saúde reforça seu compromisso com o cuidado integral das crianças e adolescentes do nosso país. Esperamos que as populações das regiões da Baixada Fluminense possam ter amplo acesso a serviços essenciais e públicos de saúde”, destacou a ministra da Saúde, Nisia Trindade.
O Hospital Infantil Milene Isabely Christovam conta com cinco enfermarias com 21 leitos; seis consultórios; sala de estabilização; UTI com quatro leitos (mais um isolado); três salas vermelhas e enfermaria de isolamento. Também tem dois centros cirúrgicos, sala de medicação, de sutura, e de coleta de sangue, além de farmácia e laboratório.
Fonte: Vermelho