Levantamento conduzido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que, em 2022, a maioria das empresas em atividade no país era formada apenas por proprietários e sócios, ou seja, não possuía empregados. Naquele ano, atuando sem contratações, havia 6,6 milhões de empresas (69,6%).
Por outro lado, 2,9 milhões possuíam trabalhadores assalariados (30,4%). A média salarial atingiu R$ 3.548,12 no período. No total, foram contabilizadas 9,4 milhões de empresas ativas no país, responsáveis por empregar 63 milhões de pessoas, ou seja, 13,5% de toda mão de obra ocupada.
Setor de eletricidade e gás pagava os maiores salários
Ainda segundo o mapeamento, entre as atividades econômicas, os maiores valores foram pagos pelo setor de eletricidade e gás (R$ 8.312,01), seguido por atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (R$ 8.039,19). Em terceiro lugar, com os maiores rendimentos, estavam funcionários vinculados a organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (R$ 6.851,77).
Já os menores salários médios foram pagos a trabalhadores dos setores de alojamento e alimentação (R$ 1.769,54), atividades administrativas e serviços complementares (R$ 2.108,28), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (R$ 2.389,15).
Desigualdade salarial
No recorte por sexo, observa-se que a maioria dos trabalhadores assalariados nas empresas era composta por 54,7% de homens e 45,3% de mulheres. Em termos salariais, enquanto eles receberam R$ 3.791,58 de salário médio mensal, elas receberam R$ 3.241,18, ou seja, os homens receberam um salário 17% maior.
Já em termos de ocupação por setores, os homens tiveram as maiores participações em construção (87,6%), indústrias extrativas (84,2%) e transporte, armazenagem e correios (81,7%), enquanto as mulheres foram maioria nas ocupações de saúde humana e serviços sociais (74,8%), educação (67,3%) e alojamento e alimentação (57,2%).
Escolarização cresce rendimento
Em análise por escolaridade, verificou-se que 76,6% do pessoal ocupado assalariado não tinha nível superior e 23,4%, tinha. Trabalhadores sem nível superior recebeu, em média, R$ 2.441,16. Já aqueles com ensino superior, R$ 7.094,17. Ou seja, a renda de funcionários com maior escolarização chega a ser três vezes maior.
Apenas duas atividades apresentaram maior participação de pessoas com nível superior: educação (64,3%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (60,6%). Administração pública, defesa e seguridade social (47,4%) completa o ranking dos três setores que mais ocupam pessoas com essa escolaridade.
Já para os ocupados sem nível superior, os setores que mais ocupam são alojamento e alimentação (96,1%), agricultura, pecuária, produção florestal e aquicultura (94,1%) e construção (92,6%).
Em 2022 do total de empresas e outras organizações com empregados em 31 de dezembro, 76,8% tinham de 1 a 9 pessoas assalariadas; 19,8%, 10 a 49 pessoas; 2,6%, 50 a 249 pessoas; e 0,8%, 250 pessoas ou mais.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.