A doença é uma das principais que atinge o povo Yanomami e vem sendo agravada pelo quadro de insegurança alimentar
O Ministério da Saúde deu início ao envio de seis mil testes rápidos de malária para seis regiões da Terra Indígena Yanomami, que fica entre os estados de Roraima e Amazonas. A medida faz parte das ações emergenciais para o combate à crise de saúde que atinge o povo Yanomami.
“Foram definidos os pontos iniciais em que haverá o uso dos testes. Serão eles: Auaris, Surucucu, Missão Catrimani, Maloca Paapiú, Kataroa e Waphuta”, informou Alex Bauman, responsável pelo núcleo 5 de combate a doenças em eliminação do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) na região. “Os testes rápidos foram escolhidos devido a facilidade de uso e o peso – sendo mais leve, é mais fácil viabilizar o envio para as áreas remotas”, disse Bauman.
Brenda Coelho, que trabalha no apoio do Programa Nacional de Prevenção e Combate da Malária (PNCM), afirma que mesmo aqueles que estão assintomáticos para a malária serão testados. “Assim teremos uma análise mais precisa da situação nas aldeias. E o teste é simples: o agente coleta uma gota de sangue do paciente e utiliza um reagente para identificar a doença”, conta.
A doença é uma das principais que atinge o povo Yanomami e vem sendo agravada pelo quadro de insegurança alimentar que atinge o território. Somente no ano passado, foram contabilizados 12.261 casos entre os Yanomami, sendo a faixa etária entre zero e nove anos a mais atingida: 5.799 casos registrados, segundo dados do Relatório Missão Yanomami, publicado em janeiro de 2023 pelo Ministério da Saúde.
Ainda segundo a pasta, 99 crianças do povo Yanomami entre um e quatro anos morreram em 2022 devido aos impactos do avanço do garimpo ilegal na região. A prática criminosa isola os indígenas de suas práticas alimentares e retira pedaços de terras expressivas, além de trazer doenças e destruir rios e florestas desnutrição, pneumonia e diarreia.
Recentemente, o secretário de Saúde Indígena (Sesai), Ricardo Weibe Tapeba, afirmou que, para garantir a reversão da crise de saúde, é necessário garantir equipamentos, infraestrutura e recursos humanos na região.
“Em geral, o polo de saúde apresenta boas condições, mas é necessário intervenções na parte de logística. É uma preocupação, também, o cenário das comunidades próximas”, observou. “As equipes são bem engajadas no território todo, mas relatam a falta de lâminas para os testes e monitoramento da malária, por exemplo. E a doença é uma grande demanda da região”, disse.
Fonte: Brasil de Fato