Neste 22 de janeiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) celebra 41 anos do encontro que é considerado o marco do início de sua história. Foi o Congresso Nacional, realizado nesta data, em 1984, na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná.
Como parte da celebração, nesta semana, o MST realiza, pela primeira vez, a reunião da Coordenação Nacional do movimento na região amazônica, no caso, Belém do Pará.
Um dos motivos do encontro acontecer no Norte do país é a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, a COP 30, que acontece em novembro deste ano na capital paraense.
No entanto, até lá, o MST pretende que boas notícias venham do Centro-Oeste do país, especificamente da capital federal, Brasília (DF).
“A gente segue muito ansioso pelo avanço do assentamento das famílias acampadas. Até o início do governo Lula, em 2023, a gente tinha cerca de 60 mil famílias acampadas pelo MST, organizadas pelo MST. Hoje, segundo os próprios dados oficiais do Incra [Instituto Nacional de Colonização e da Reforma Agrária], já são mais de 100 mil famílias acampadas em todo o Brasil”, cobra Ceres Hadich, membra da Coordenação Nacional do MST, em entrevista ao programa Bem Viver desta quarta-feira (22).
“A gente fechou o ano de 2024 na expectativa de que fossem retomados os decretos de desapropriação por interesse social, o que concretamente ainda não aconteceu”, lamenta a liderança.
Segundo Hadich, a expectativa do movimento é receber “um plano para o assentamento de todas as famílias acampadas no Brasil até o final de 2026, mas que isso obviamente comece a acontecer ainda nesse ano de 2025”.
O aniversário do MST acontece semanas após um dos ataques mais violentos sofridos pelo movimento recentemente. No dia 10 deste mês, um grupo armado invadiu o assentamento Olga Benário, em Tremembé (SP), e matou duas lideranças.
No último sábado (18), um ato em homenagem às vítimas foi realizado na região e contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário e Reforma Agrária, Paulo Teixeira.
Frente às dificuldades no avanço das pautas, Ceres Hadich afirma que o movimento vai intensificar as ações que consagraram o MST nessas mais de quatro décadas de história.
“As ocupações de terra, as mobilizações, as marchas, as ocupações para obter conquistas em assembleias, em audiências com as instituições públicas tendem a aumentar, assim como foi num passado recente. Elas tendem a aumentar como parte dessa nossa tática do diálogo com a sociedade e com o governo.”
Embora a liderança admita que “esperava muito mais” desta terceira gestão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ela afirma que “nenhum governo do Brasil priorizou a reforma agrária como uma questão social de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento político e cultural para o nosso país”.
Congresso e feira
Ano passado, quando o MST celebrou 40 anos de história, havia uma grande expectativa para o 7º Congresso Nacional, que aconteceria em Brasília na metade de 2024.
No entanto, pouco mais de um mês antes, o movimento decidiu adiar o encontro, principalmente em virtude da tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul em maio do ano passado, resultando em milhares de desabrigados e cidades inteiras submersas devido às chuvas intensas.
Ceres Hadich afirma que ainda não há uma nova data. “Nós entendemos no ano passado, ainda que, de fato, tivéssemos com tudo muito construído, encaminhado e preparado, que com todos os acontecimentos que nos trouxeram 2024, nós precisávamos de mais um tempo para afinar a nossa estratégia.”
“Então, adiamos um pouquinho mais o nosso Congresso, que agora ainda está sem data, mas que deve, em breve, ter uma data definida, mas que, seguramente, em 2025 não virá a acontecer.”
Já a Feira Nacional da Reforma Agrária foi marcada. O evento acontece entre os dias 7 e 9 de maio em São Paulo (SP). A última edição foi em 2023 depois de um longo período de intervalo.
“Tá confirmadíssima. A Feira da Reforma Agrária vai acontecer em São Paulo no começo de maio, então vamos já se preparar aí para a gente ir para São Paulo para ajudar a fortalecer, para interagir, para levar e trazer muita coisa boa.”
“É uma feira fantástica que traz um pedacinho do que é o MST em todo o Brasil e não só no Brasil. As feiras da reforma agrária elas têm se esparramado se internacionalizando cada vez mais.”
Fonte: Brasil de Fato