A banalização do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), cuja data é lembrada no dia 13 de julho, é uma das preocupações da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPsiq). O presidente da entidade, o médico psiquiatra Júlio Dutra, alerta para os problemas e dificuldades causados pelo autodiagnóstico das pessoas, que buscam informações na internet em vez de procurar especialistas, além de ouvir “pitacos” de todo mundo, como coachs, preparadores físicos, personal trainers, professores, pedagogos, entre outros profissionais.
“Ficou uma coisa muito banal. Todo mundo acha que tem conhecimento para falar sobre o transtorno e dizer se a pessoa tem que tomar medicamento ou não. O TDAH ganhou uma conotação como a bipolaridade e a depressão, ou seja, todo mundo é bipolar e todos são depressivos”, alerta Júlio Dutra. De acordo com o presidente da APPsiq, o autodiagnóstico através da busca de informações pela internet atrapalha o verdadeiro diagnóstico e atrasa o tratamento de muitos pacientes. “É importante buscar ajuda profissional qualificada”, diz o especialista.
Dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) apontam que variam entre 5% e 8% os casos de TDAH no mundo. A estimativa é de que 70% das crianças com o transtorno apresentem ainda outro tipo de comorbidade, sendo 10% com três ou mais comorbidades. Entre os principais sintomas estão desatenção, agitação e impulsividade, além de que, hoje, sabe-se que a origem do transtorno é neurobiologia e genética. Isso significa que aproximadamente 30% das crianças têm um dos genitores ou ambos com o transtorno.
A preocupação do médico psiquiatra é de que as pessoas, no geral, sejam enganadas por outras que não têm a formação adequada para diagnosticar o TDAH. “A internet está cheia de influenciadores e coachs que prometem dicas e tratamentos milagrosos, fazem piada sobre comportamentos e até oferecem testes rápidos para que a pessoa descubra em poucos minutos se tem ou não o transtorno. Isso é banalizar um transtorno sério e importante, que merece atenção e investigação individual mais profunda”, avalia Júlio Dutra.
Conforme o presidente da APPsiq, o diagnóstico de TDAH leva em conta não apenas diversas informações como, também, avaliações de diferentes profissionais, até que, de fato, o transtorno seja diagnosticado. “Os profissionais habilitados para diagnosticar o TDAH são os médicos, que irão prescrever medicações e encaminhar para outros profissionais atuarem em conjunto”, ressalta Júlio Dutra.
O psiquiatra alerta que “número de seguidores não significa credibilidade ou competência para diagnosticar o TDAH” e observa que o portador do transtorno tem traços de esquecimento, dificuldade com organização, desassossego ou impulsividade. É um distúrbio neurobiológico que se caracteriza pela dificuldade em prestar atenção a detalhes e tarefas, mesmo que sejam rotineiras. “Por conta de tantas características envolvidas, o diagnóstico perpassa pela avaliação, no mínimo, de um psiquiatra ou neurologista, levando em conta a avaliação de um psicólogo. Em hipótese alguma é possível diagnosticar apenas baseado em informações da internet, em dicas milagrosas ou testes rápidos.”
Para um diagnóstico eficaz, é preciso levar em conta ainda uma conversa com o paciente, com seus familiares, avaliação de queixas e reclamações, quais são os prejuízos vivenciados e, também, diagnósticos de exclusão. “Aí sim o médico poderá dizer qual o melhor tratamento ou medicação”, diz Júlio Dutra.
Fonte: Assessoria de imprensa