Segundo dados da ONU, 2023 foi o ano mais mortal para a categoria, com 280 trabalhadores humanitários perdendo a vida, em 33 países
O Escritório de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), da Organização das Nações Unidas (ONU), qualificou o número de 280 mortes de trabalhadores humanitários em 2023 como “escandalosamente elevado”, revelando um aumento de 137% em comparação ao ano anterior.
Regiões como Gaza e Sudão estão entre os locais onde esses profissionais têm sido alvo frequente de ataques, juntamente com os civis que procuram proteger. Mais da metade (163) desses profissionais foram mortos nos três primeiros meses na guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (19), Dia Mundial Humanitário, refletindo a situação em 33 países.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a crescente desconsideração pelo direito internacional humanitário. Guterres também alertou sobre o perigo das campanhas de desinformação, que têm se mostrado letais ao propagar mentiras.
Nesse contexto, Guterres ressaltou a importância de marcar o Dia Mundial Humanitário com um apelo global pelo fim dos ataques aos trabalhadores e trabalhadoras, bem como pelo bloqueio de transferências de armas para grupos e exércitos que desrespeitam o direito internacional.
Uma carta endereçada aos Estados-membros da ONU, assinada por diversas organizações humanitárias e 11 agências da ONU, apresenta três pedidos cruciais: o fim imediato dos ataques a civis e a adoção de medidas eficazes para sua proteção; a garantia de segurança e o apoio ao trabalho dos humanitários, conforme estipulado na Resolução 2730 do Conselho de Segurança da ONU; e a responsabilização dos autores de violações das leis internacionais.
O documento destaca a escalada de impunidade em relação às violações das normas de guerra e o impacto devastador na saúde mental de civis e trabalhadores humanitários. Salienta ainda que a limitação das atividades humanitárias contribui para o agravamento de crises como insegurança alimentar, deslocamento forçado e disseminação de doenças infecciosas.
Por fim, a carta enfatiza que a proteção de civis e trabalhadores humanitários requer ações concretas e firmes, superando meras promessas.
As operações humanitárias coordenadas pelas Nações Unidas prestaram ajuda vital a mais de 140 milhões de pessoas no ano passado.
O 19 de agosto
Todos os anos a ONU celebra o Dia Mundial Humanitário em 19 de agosto, data em que se assinala o aniversário do ataque à sede da organização em Bagdá, Iraque, em 2003. Naquele ataque morreu o brasileiro Sérgio Vieira, funcionário da ONU que liderava missão da organização naquele país, ao lado de outros 21 colegas.
Com informações da ONU
Fonte: CUT