Entre e notas desafios, documentário aborda a iniciativa do projeto Orquestra Popular Camponesa
“Meu nome é Emilly, tenho 9 anos, eu moro no Assentamento Ele Vive 1. Eu nasci em Londrina… e eu gosto muito daqui… Eu gosto muito de tocar violão porque eu acho um instrumento muito interessante, que muitas pessoas gostam de tocar, e é por causa do violão que eu estou me desenvolvendo” – Emilly, aluna do projeto Orquestra Popular Camponesa em entrevista ao minidocumentário “A Orquestra Camponesa do Assentamento Eli Vive”.
Música como ferramenta de transformação humana
O minidocumentário, ambientado no Eli Vive, assentamento localizado em Londrina, norte do Paraná, desvenda os bastidores das oficinas de música, realizados por meio do projeto Orquestra Popular Camponesa.
Nas palavras de Igor Chiosini de Nadai, coordenador do projeto, a Orquestra Popular Camponesa transcende a ideia convencional de uma orquestra. “Em última instância, é um projeto de desenvolvimento humano. Aqui, a música é mais que uma arte; é uma ferramenta para fomentar o crescimento pessoal e coletivo”, destaca Igor.
Violas, cavaquinhos e conceitos fundamentais da teoria musical tornam-se ferramentas de empoderamento e de processo educativo, criando oportunidades para que crianças, jovens e adultos do campo se desenvolvam por meio da prática coletiva da música.
Iniciado com o patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina (PROMIC), o projeto cresceu e se multiplicou. No Assentamento Ele Vive, hoje, além das oficinas, a Orquestra oferece aulas de iniciação musical e canto coral para crianças de 6 a 8 anos. Já em Porecatu, no acampamento Herdeiros da Luta, há duas turmas de iniciação instrumental, uma dedicada ao violão popular e outra à música orquestral clássica, ambas dão continuidade a essa sinfonia de transformação.
Inspirado pelo sucesso das orquestras juvenis e infantis da Venezuela, o projeto busca não apenas democratizar o acesso à música, mas também incentivar a prática musical. Oficinas de violão e cavaquinho, conduzidas por cerca de 8 meses, formaram uma turma intergeracional, unindo participantes de 5 a 60 anos.
A Orquestra Popular Camponesa surge como uma resposta às disparidades culturais entre a cidade e o campo, encurtando distâncias entre comunidades rurais e acesso ao desenvolvimento artístico, muitas vezes limitado às áreas urbanas.
O risco de silenciar a sinfonia
No entanto, mesmo diante de todo esse impacto social, a Orquestra Popular Camponesa enfrenta um desafio: a falta de recurso. Antes financiado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina (PROMIC), o projeto agora depende exclusivamente dos investimentos do MST e das comunidades locais, sem outros apoios financeiros.
Igor evidencia a dificuldade para dar continuidade ao projeto: “O PROMIC nos deu o pontapé inicial, mas agora seguimos sem apoio financeiro. Em Porecatu, as atividades continuam, sustentadas pela nossa resiliência. Estamos em campanha para arrecadar fundos, garantindo recursos até o final do ano”, diz.
A campanha de arrecadação busca sustentar recursos dos professores, instrumentos e transporte. É possível contribuir diretamente através do PIX: CPF – 347.314.718-42.
“O documentário, disponível nas redes do MST e da Orquestra Camponesa no Instagram, é uma janela para essa realidade, a maior dificuldade enfrentada é o acesso a esses recursos”, complementa o coordenador.
Mais informações sobre a arrecadação no número (43) 9901-2355, falar com Igor Chiosini de Nadai.
*Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos sob supervisão.