Expectativa é aumentar as faixas etárias contempladas
O Brasil prepara sua primeira vacina produzida integralmente em território nacional. O novo imunizante, resultado de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, será de dose única e contra a dengue.
A afirmação foi dada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em visita a Londrina nesta segunda-feira (31).
De acordo com a liderança, a partir de 2026, serão disponibilizadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação, conforme a demanda e a capacidade produtiva.
Segundo o ministro, a expectativa é que a campanha de imunização seja ampliada para outras faixas etárias a partir do próximo ano.
Em 2024, a vacina contra a dengue foi incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) para o público de 10 a 14 anos que reside em localidades prioritárias. Ele lembra que a prescrição segue orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
A faixa etária concentra o maior número de hospitalizações por dengue após os idosos. O imunizante não foi liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para pessoas acima de 60 anos.
“O Ministério da Saúde segue o que a Organização Mundial da Saúde fala sobre o uso da vacina, para a faixa etária de adolescentes. A grande esperança é outra vacina desenvolvida entre o Ministério e o Butantan, para fazer uma grande campanha de vacinação com público mais amplo. Vamos ter outra vacina no Brasil, o maior programa público de vacinação contra a dengue”, assinala.
Ainda, Padilha sinaliza que houve uma redução de 60% nos casos de dengue em todo o país. Os dados atualizados, segundo ele, devem ser publicados nos próximos dias pela pasta.
Mesmo assim, o ministro reforça a importância de manter os cuidados. “É fundamental permanecer o estado de alerta, até porque abril e maio geralmente são os meses com maior número de casos. O foco é na redução de casos graves e óbitos”, pontua.
Nos dois primeiros meses de 2025, o Brasil registrou 493.403 casos de dengue. No Paraná, segundo o último balanço divulgado pela SESA (Secretaria Estadual de Saúde), já foram contabilizados 20.050 casos, com 13 mortes, sendo cinco na região de Londrina.
Baixa procura
Em 2024, o Ministério da Saúde enviou 6,5 milhões de doses aos estados e municípios, mas apenas 3,3 milhões foram aplicadas.
Aproximadamente 1,3 milhão de jovens que iniciaram o esquema vacinal não retornaram para a segunda dose, comprometendo a eficácia da imunização.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.