Suspensa temporariamente pelo Ministério da Educação, a Reforma do Ensino Médio será tema de um debate no dia 12 de abril na Universidade Estadual de Londrina (UEL). O evento acontece às 19 horas, no Anfiteatro Maior do Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH), e será transmitido ao vivo pela emissora por meio do rádio e do canal do Youtube. A realização é da UEL FM, Rede Lume de Jornalistas e Portal Verdade, com apoio do Observatório do Ensino Médio/UEL.
O ministro da Educação, Camilo Santana, confirmou nesta terça-feira (4) a suspensão do Novo Ensino Médio ao menos até o fim do prazo da consulta pública aberta pelo governo no dia 9 de março, com duração de 90 dias.
O debate “Novo Ensino Médio: os impactos para a educação pública” contará com a presença de representantes de professores da educação pública, alunos e pesquisadores da UEL. Os organizadores aguardam a confirmação da participação da Secretaria Estadual da Educação (Seed).
Representando a universidade na mesa do debate estará a professora Sandra Garcia, do Departamento de Educação. Ela coordena na UEL a Rede EMpesquisa (Ensino Médio em Pesquisa), que reúne cerca de 150 pesquisadores de mais de 20 universidades brasileiras. Também é coordenadora do Observatório do Ensino Médio/UEL.
Rogério Nunes da Silva estará representando os professores do ensino médio. Ele dá aulas de sociologia na rede estadual de educação e é secretário de assuntos jurídicos da APP-Sindicato.
Já os estudantes serão representados na mesa pelo jovem Kainan Ferreira de Araújo, do Colégio Estadual Maestro Andréa Nuzzi. Ele é presidente do Grêmio Estudantil Diversidade.
Assim que receberem a confirmação, os organizadores do debate vão divulgar o nome do representante da Seed. O debate será aberto ao público.
Ensino Médio: entenda a reforma
Aprovado por Medida Provisória no governo do ex-presidente Michel Temer, o Novo Ensino Médio amplia a carga horária dos três anos de ensino, suprimindo, no entanto, horas dedicadas a disciplinas básicas, como português, matemática, histórica e sociologia.
Das 3 mil horas do curso, 1,8 mil (60%) ficam reservadas para uma grade comum a todos, com as matérias tradicionais e as outras 1.200 horas (40%) passam a ser dedicadas a disciplinas dos “itinerários formativos”, que são opções de currículos específicos, teoricamente, de escolha dos alunos.
Os itinerários foram divididos em cinco grandes áreas: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e sociais aplicadas, e formação técnica e profissional.
Os defensores da mudança alegam que ela torna o ensino mais atrativo para os alunos e teria o poder de reduzir a evasão escolar. Já os críticos afirmam que o Novo Ensino Médio é inviável e pode levar a uma desistência ainda maior por parte dos jovens.
A reforma começou a ser implantada de fato em 2022, quando as mudanças passaram a valer para os alunos do primeiro ano. Esse ano, chegaram ao segundo ano e, em 2024, alcançariam o terceiro ano. No entanto, a maioria das escolas públicas não foi estruturada para arcar com as novas demandas.
Elas não têm professores suficientes para atender ao aumento da carga horária e muito menos para oferecer itinerários diferentes. Em vez de poder optar por uma das áreas, o aluno acaba obrigado a seguir aquela que a escola está conseguindo oferecer.
Outro ponto importante é que a ampliação da carga horária não levou em conta que boa parte dos estudantes do ensino médio na escola pública precisa trabalhar.