Investigação também aponta tendência de aumento da desigualdade no mercado de trabalho
De acordo com o estudo “Inteligência Artificial – Impactos Sobre o Mercado de Trabalho e a Desigualdade de Renda”, publicado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), postos de trabalho que demandam maior qualificação e especialização estão mais vulneráveis ao avanço da inteligência artificial.
A pesquisa aponta, portanto, uma diferença em relação a outros processos de automação, visto que o avanço da tecnologia até então estava afetando, majoritariamente, ocupações de baixa e média qualificação.
Informações da Federação Internacional de Robótica, indica que entre 2012 e 2018, o número de equipamentos fabricados anualmente quase triplicou, saindo de 150 mil para 430 mil ao longo do período.
Os setores com maior incorporação de inteligência artificial em seus procedimentos são os de alta tecnologia (78%), automotivo (76%), telecomunicações (72%), transporte e viagens (64%) e finanças (62%). O maior crescimento entre 2018 e 2019 foi registrado nos segmentos de varejo (35%), transporte e viagens (26%), alta tecnologia (17%) e energia (16%).
Ainda, segundo a investigação, os reflexos da inteligência artificial mais concentrados em postos que demandam maior escolarização tendem a aprofundar a desigualdade de renda entre os trabalhadores brasileiros.
“O número de postos de trabalho não teria uma redução considerável. Isso é relevante porque contradiz a ideia do fim do emprego, mas reafirma a possibilidade de aumento na desigualdade de renda do trabalho”, reforça o documento.
O mapeamento ressalta, porém, a dificuldade de identificar as consequências da inteligência artificial entre as diversas profissões. Também evidencia que este é um campo em constante transformação e sem consensos, já que existem levantamentos que preveem a extinção de determinadas vagas e outros que estimam a criação de novos cargos.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.