Que ou aquele que não revela o seu nome.
Que ou o que é obscuro, desconhecido; que ou o que não tem nome ou renome.
Por muitos anos, não muito distantes deste 2024, anônimo era uma mulher. Eram as mulheres. Mulheres sem vez, sem voz, sem voto, sem direitos, sem sentimentos, sem vontades, sem prazeres.
Mulheres consideradas meramente instrumentos reprodutores, objetos de sedução e de status social. As mulheres, por muito tempo, “não foram silenciosas, foram silenciadas” (Carmen Lúcia, 2024). Silenciadas por um sistema patriarcal, machista e misógino.
No dia 8 de março de 1917, um grupo de operárias saiu às ruas para protestar contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial. Não foi a primeira vez que mulheres se revoltaram contra o sistema. Uma faísca que incendiou o mundo, inspirando a luta por igualdade e justiça. Mas neste dia elas foram fortemente repreendidas e o episódio acabou dando início à Revolução Russa. Desde então, o movimento internacional socialista adotou a data como o Dia internacional da Mulher e as comemorações passaram a ser realizadas no mesmo dia em vários países. A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou o ano de 1975 como o “Ano Internacional da Mulher” e, foi a partir desse ano que o 8 de março foi oficializado como Dia Internacional da Mulher.
Entre 1917 e 2024 são 107 anos. Claramente houveram algumas mudanças. Mas ainda são insuficientes. No Brasil, mulheres ganham até 21% a menos que os homens e são maioria entre os desempregados. Os dados são de 2023 coletados pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e a explicação é clara: durante a pandemia, muitas mulheres saíram do mercado de trabalho para cuidar, ainda MAIS, do lar.
Mulheres continuam anônimas: com dupla jornada de trabalho, o trabalho formal e o trabalho anônimo dentro de casa; sem reconhecimento e ainda silenciadas. Quando falamos de mulheres afrodescendentes os dados são ainda mais tristes. Mulheres negras sofrem diariamente com racismo, xenofobia e discriminação relacionada a razões de gênero, orientação sexual, idioma, religião e origem social.
No Brasil, uma mulher é vítima de violência doméstica a cada quatro horas, os dados são da Rede de Observatório da Segurança referente ao ano de 2022. Assassinadas por homens de bem que prometeram amor, mas não enxergam a mulher como um ser individual e livre.
Em Londrina, o mais recente caso escancara a brutalidade do machismo que mata. O crime, que impactou a cidade, foi o horrendo assassinato, quer dizer, FEMINICÍDIO, da MULHER, MÃE e EMPREENDORA Cláudia Ferraz.
Neste dia 08 e em todos os outros dias do ano ofereçamos, sim, flores, chocolates, felicitações e outros mimos, ELAS MERECEM! Mas antes de tudo isso, OFEREÇAMOS RESPEITO! Não somente hoje, mas em todos os outros dias do ano! As discussões e problematização das pautas que afetam as mulheres são OBRIGAÇÕES inadiáveis a serem realizadas cotidianamente.
A maior ação de respeito às mulheres é a transformação radical das estruturas que as oprimem. Chega de silenciamento! É hora de construir um mundo onde todas sejam livres, iguais e protagonistas de seus destinos com equidade de direitos, respeito absoluto e a liberdade de ser e fazer o que bem quiserem!
Saúde e vida longa às mulheres! Todas as mulheres!
Germano Almeida, Gestor de Recursos Humanos e Discente de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Londrina