Um dos momentos mais comoventes da história do mundo contemporâneo ocorreu em 25 de abril de 1974, em Portugal
Nesta quarta (25), o Estação Cultura destaca os 50 anos da Revolução dos Cravos, movimento que representou a derrubada do mais longo dos regimes fascistas: a ditadura de Antônio Oliveira Salazar e Marcello Caetano, em Portugal. O símbolo da revolução em 25 de abril de 1974 foi o cravo, flor que era colocada na extremidade da baioneta dos soldados.
A música também serviu como embalo para a retomada da democracia e como senha para os manifestantes, por meio do rádio. Na véspera da Revolução, o povo português estava à espera de dois sinais pactuados pelo Movimento das Forças Armadas. Às 22h55 do dia 24 de abril, uma emissora de Lisboa transmitiu o primeiro sinal: a canção “E depois do adeus”, de Paulo de Carvalho. E no dia 25 a Rádio Renascença tocou a senha decisiva: “Grândola, Vila Morena”, canção que virou hino dos manifestantes e representou a retomada da democracia no país europeu. A canção ganhou várias versões, e do lado de cá do oceano, Chico Buarque prestou uma homenagem aos portugueses em “Tanto Mar”, lançada em 1978, como destaca o violonista, professor e pesquisador Sidney Molina em depoimento ao Estação Cultura.
Ouça o depoimento de Sidney Molina:
A história contemporânea de Portugal tem sua marca na Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974. À época, Portugal era um país atrasado, o último da Europa a manter colônias, travando uma longa guerra contra a independência de Angola, Moçambique e Guiné. Antes de abril de 1974, os partidos e movimentos políticos estavam proibidos; as prisões lotadas; os opositores exilados; as greves proibidas; e a vida cultural estritamente vigiada. Ainda assim, a literatura teve um papel importante nos movimentos de resistência à ditadura e na mudança de mentalidade que levou à Revolução dos Cravos. Esse é o viés da entrevista com a professora Marlise Vaz Bridi, doutora em Letras-Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Ela destaca o papel dos movimentos literários que antecederam a Revolução, como o “Neorealismo português”, entre 1940 e 1970, e a obra “Novas cartas portuguesas”, obra transgressora escrita conjuntamente pelas escritoras Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, em 1972.
Ouça a entrevista com Marlise Vaz Bridi:
A Revolução dos Cravos também é tema da coluna de Atílio Bari, diretor teatral e apresentador do programa Persona, na TV Cultura. Para Bari, a Revolução em Portugal, há 50 anos, “deu ao mundo uma imagem que foi depois copiada em vários movimentos populares em todos os cantos do planeta: a das mulheres colocando flores nas baionetas dos soldados, cravos vermelhos, entre risos de felicidade e lágrimas de emoção. Um dos momentos mais comoventes da história do mundo contemporâneo”.
O programa “Estação Cultura”, com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3 FM e 77.9 FM estendida, de segunda a sexta-feira, às 10h. O programa é transmitido também na Rádio Cultura Brasil AM 1200 e no aplicativo Cultura Play.
Fonte: TV Cultura