Educação de jovens e adultos e escolas do campo são as mais afetadas
Os ataques de Ratinho Júnior (PSD) à educação pública paranaense não tiram recesso. De acordo com informação levantada pela APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná), a partir deste ano, a SEED (Secretaria Educação de Educação) irá fechar 28 instituições de ensino, localizadas em várias regiões do estado.
Na relação, constam 12 Ceebjas (Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e Adultos), 11 escolas do campo e cinco colégios que ofertam ensino regular.
Ao todo, 27 municípios serão impactados, incluindo, o NRE (Núcleo Regional de Educação) de Londrina. O Ceebja Professora Maria do Carmo Bocati, em Cambé, na região metropolitana, é um dos escolhidos para encerrar as atividades.
Conforme informado pelo Portal Verdade, em fevereiro de 2024, a interrupção das aulas na unidade foi denunciada pelo Fórum Paranaense de Educação de Jovens e Adultos e por estudantes do colégio. A decisão de fechar as portas restringe o direito à escolarização de mais de 200 alunos matriculados na escola (relembre aqui).
Margleyse Adriana dos Santos, secretária Educacional da APP-Sindicato, salienta a contrariedade ao fechamento das escolas afetando, sobretudo, populações historicamente marginalizadas, a exemplo de comunidades rurais.
“Reafirmamos nossa posição contrária ao fechamento de escolas, defendendo a garantia da educação de qualidade para todos, especialmente, nas áreas rurais”, diz.
O Paraná possui, aproximadamente, 540 escolas estaduais do campo distribuídas nos 31 Núcleos Regionais de Educação. De acordo com levantamento da Apec (Articulação Paranaense por uma Educação do Campo, das Águas e das Florestas), nos últimos três anos, representantes de pelo menos 17 escolas do campo buscaram apoio do grupo relatando ameaças de fechamento, redução de turmas e turnos, além de mudanças na organização pedagógica e nas condições de trabalho docente, muitas vezes realizadas sem consulta prévia.
Entre os principais impactos, a dirigente aponta o aumento da evasão escolar devido à dificuldade de adaptação em novas escolas e perda da identidade comunitária e cultural.
Com o fim das atividades, estudantes sinalizam a impossibilidade de continuar frequentando as aulas devido a incompatibilidade entre o horário de trabalho e a necessidade de mais tempo para deslocamento. Ainda, indicam a quebra de vínculos com as respectivas comunidades escolares, o que leva a desmotivação e abandono.
De acordo com os dados do MEC (Ministério da Educação) de 2019 até 2022, as matrículas da EJA caíram 59% na rede pública do Paraná.
Além da queda de matrículas, o estado, segundo mapeamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lidera o ranking de analfabetismo na região Sul do país.
A liderança assinala que a APP-Sindicato tenta dialogar com a SEED e acionou o Ministério Público para tentar impedir o desmonte do ensino público no estado.
A reportagem solicitou o posicionamento da SEED sobre o fechamento das escolas e aguarda retorno.
Confira abaixo listagem com as escolas impactadas:
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.