Os estudantes independentes também marcaram uma Assembleia Independente para a próxima segunda (15/04) com fim de mobilizar greves de ocupação
No dia 8/4, estudantes de Psicologia da Universidade Federal do Paraná lideraram uma primeira manifestação a favor da greve dos funcionários técnicos dos Institutos Federais. Mobilizando forças para deflagrar greves estudantis, a manifestação rompeu com a postura promovida por outras forças do movimento estudantil, que tem se oposto à mobilização popular ou evitado convocar assembleias, greves e manifestações. Os estudantes independentes também marcaram uma Assembleia Independente para a próxima segunda (15/04) com fim de mobilizar greves de ocupação.
O protesto começou com uma agitação com megafone e panfletagem na Reitoria e na fila do Restaurante Universitário Central, convocando os estudantes a marcharem e gritarem palavras de ordem.
A greve dos funcionários técnicos da UFPR, UTFPR, CHC e UNLA já ocorre há quase um mês e luta principalmente pela recomposição do salário (perdido em quase 50% desde a pandemia) e reestruturação de carreira.
A burocracia universitária tem buscado ao máximo reprimir a mobilização. A empresa que gere o Conjunto de Hospital de Clínicas da UFPR, judicializou a greve e exigiu uma multa de R$ 500 mil reais por dia caso todos os funcionários não retornem aos postos. A Reitoria da UFPR também já afirmou que cortará salários dos grevistas. Neste momento, alunos e professores alinham-se em apoio à greve, mas também com suas próprias pautas.
Do lado dos estudantes, a principal demanda é por contratação de professores e reformas na estrutura universitária. As universidades já se encontravam sucateadas pelas décadas de precarização e ataques, agravados durante o governo de Bolsonaro — barrados apenas pelas greves de ocupação, uma das quais no Setor de Psicologia da UFPR. Agora, a manutenção da situação de precarização e os novos cortes do governo de Luiz Inácio tornam insustentável a continuidade de diversos cursos. Além de Psicologia, a fisioterapia, enfermagem, física e diversos cursos da Reitoria estão com falta de professores, o que impede a formação em tempo regular e, para os vários estudantes que precisam trabalhar ou passam por outras dificuldades, significa a própria evasão.
Na Psicologia em específico, há 30 professores que trabalham extremamente sobrecarregados e centenas de alunos. Além disso, vários desses professores são substitutos ou também desempenham funções administrativas, fazendo com que vários calouros não tenham aulas nos primeiros meses de curso e haja uma grande carência por projetos de pesquisa, monografia e orientações para estágio, obrigatórios para se concluir a graduação.
Esses problemas são constatados há anos e diversas mobilizações se reuniram em torno da pauta, foram 4 greves de ocupação nos últimos 3 anos na UFPR. Diante disso, a resposta da Reitoria foi gastar as 14 vagas disponíveis para contratações para inaugurar um novo curso de Medicina no Campus Toledo. Agora, nenhum curso da UFPR pode contratar novos professores por vias burocráticas. A estratégia da Reitoria é quase idêntica ao do programa REUNI, em 2007: criar novos cursos sem a condição de mantê-los para forçar a evasão dos estudantes pobres, cortando custos com bolsas, reduzindo o número de vagas, fechando cursos que não lhes são interessantes e gradualmente elitizando o público universitário com o último fim da privatização completa das universidades públicas.
Fonte: Nova Democracia