O derrotismo que se abateu depois do 1° turno na esquerda não pode ser combatido com desespero. É necessário sair da bruma dos devaneios da fakenews com a materialidade da vida das pessoas, isto é, denunciar categoricamente a deterioração do nível da vida do povo com esse modelo econômico e como podemos fazer diferente, isto é, trazer esperança para o estômago e bolso do trabalhador e trabalhadora.
Nesse sentido, precisamos agitar questões sensíveis que se baseiam em três eixos importantes: a) desmatamento e recuperação da natureza a partir de lógicas comunitárias e agroecológicas; b) políticas sociais de distribuição de impacto estrutural e apoio a economia popular; c) defesa da empresa pública, ciência e tecnologia como empregadoras de qualidade.
É importante ir direto ao ponto, não conseguimos desenvolver raciocínios complexos na discussão que travamos no cotidiano da campanha, mas é necessário afirmar com todas as letras, há desmatamento e ele faz mal à saúde, é recorde, com dois focos de incêndios intencionais por dia em média. Podemos ver isso aqui no Sul quando temos fumaça e sol fosco. Isso acaba com a natureza e a com a saúde das pessoas, em médio prazo, destrói a biodiversidade, ameaçando na continuidade da produção de comida.
E, temos uma opção que é a agroecologia, a agricultura familiar e a proteção de terras indígenas. Não é um retorno ao atraso, é o apoio a quem produz comida a partir da diversidade e da proteção do ambiente. Sabemos das dificuldades desse projeto, mas apenas no governo Lula será possível ter espaço para a agroecologia e para os movimentos sociais que defendem a reforma agrária.
O segundo eixo argumentativo é cristalino, são cifras enormes de pobreza extrema, fome, aumento do custo de vida e informalidade, pessoas com doutorado tendo de fazer serviços precários e ganhando pouquíssimo. Há um legado na política do bolsa-família e nas políticas sociais de segurança alimentar, de cisternas, etc, que está sendo destruído, pois esse governo é da desigualdade e da fome. Por outro lado, precisamos trazer algo novo, política de renda básica capaz de ter impacto estrutural, de dar apoio ao MEI que sofre o aperto no dia-a-dia.
A importância de defender o modelo de banco comunitário da prefeitura do PT de Maricá, de como isso impacta nos pequenos negócios e no associativismo, de que a cooperativa de costura, o mercadinho, etc, vão ter recursos para crescer e desenvolver-se com apoio em formas associativas. O nosso modelo econômico é capaz de tirar as pessoas do atoleiro que vivem. Há um horizonte, não é apenas uma política social compensatória, é estruturante, isto é, de distribuição que gera emprego e bem-estar, além de crescimento econômico.
No entanto, essas políticas devem estar ancoradas no investimento público e na promoção de ciência e tecnologia. As empresas públicas sempre foram alvo de saqueio pelos ratos que continuam morando no governo, porém, a valorização dessas empresas foi feita nos governos do PT e agora precisamos retomá-la, além de reforçar o controle público com ampliação de sua transparência. Assim como, as universidades são importante eixo desse desenvolvimento soberano e o sucateamento delas está colocando em risco a ciência do país e a produção, por exemplo, de vacinas.
Estamos com Lula, pois será possível retomar esses investimentos, capazes de criar oferta de emprego de qualidade, de concursos que contratem professores e cientistas. Com o controle público, é possível baixar o preço da gasolina, do diesel e do gás, além de investir em novas tecnologias. No entanto, hoje, a Petrobrás está sendo saqueada pelos acionistas que levam 100 bilhões de reais para fora.
Há um legado e há uma esperança. O fascismo atua com cortinas de fumaça e precisamos entrar com elementos concretos, reforça-los com ideias simples, resultado de uma reflexão entre nós.
Falar em esperança, em possibilidade e mostrar que, sim, já foi feito, mas é possível melhorar. Argumentar e agitar sobre a economia e a materialidade das pessoas são as únicas armas eficazes contra os devaneios das ideologias da fakenews e do fanatismo. Não podemos entrar na guerra de cegos, precisamos partir das necessidades das classes populares. O fascismo está forte no Brasil, pois é um movimento de massas, no entanto, precisamos de manter o que temos e conquistar mais 1,6%. Depois de ganhar essas eleições, há um desafio de longo prazo, derrotar o bolsonarismo no âmago da sociedade e isso é possível com a construção popular de um novo modelo econômico.