Desde 2017, foram ao menos seis desligamentos de guardas municipais relacionados a homicídios e treze por corrupção
A Prefeitura de Londrina demitiu mais dois guardas municipais. Eles teriam participado da morte de um adolescente de 16 anos, no Jardim Bandeirantes (zona oeste), em outubro de 2019. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (26) pelo repórter Rafael Machado, do G1.
Naquele ano, três agentes da GM já haviam sido demitidos por participação na morte de Matheus Evangelista, 18 anos, dia 11 de março de 2018.
Segundo o G1, a Corregedoria-Geral do Município concluiu que Robson Ignácio de Almeida e Irineu de Oliveira ameaçaram uma testemunha e faltaram com a verdade no preenchimento do Boletim de Ocorrência (B.O.) da morte do adolescente por arma de fogo.
Na época, os guardas alegaram que, durante patrulhamento pelo local da ocorrência, teriam escutado o tiro e visto uma pessoa em uma motocicleta saindo em alta velocidade. Na sequência, teriam encontrado o corpo da vítima.
A investigação mostrou o contrário. Segundo a polícia, o tiro que matou o adolescente saiu da arma de um dos guardas. Eles foram presos em uma operação da Delegacia de Homicídios de Londrina cerca de um mês após o assassinato, mas atualmente respondem o processo em liberdade.
O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) aberto para investigar os dois guardas se encerrou no último dia 11 de abril.
Procurado pelo G1, o advogado Jefferson Henrique Santos, que defende o agente Irineu, disse que “a demissão, ao entendimento da defesa, se afastou do ideal de justiça. Em verdade, praticou verdadeira injustiça ao interpretar provas favoráveis ao guarda em seu desfavor. A defesa pretende recorrer judicialmente da decisão.
O advogado de Robson Ignácio informou que “entende que a decisão proferida não sopesou corretamente as provas e informações colhidas durante todo o processo administrativo. Sendo assim, esclarece que irá promover ação judicial para questionar a decisão final”.
A morte de Matheus Evangelista
Em 2019, o Município desligou três guardas municipais que teriam participação na morte de Matheus Evangelista, de 18 anos, dia 11 de março de 2018, no Jardim Jerônimo Nogueira, na zona norte da cidade.
Fernando Ferreira Neves, um dos agentes, foi condenado a 18 anos de prisão pela morte do jovem, mas recorre em liberdade.
Os outros dois agentes fizeram acordo com o Ministério Público, que concluiu pela inexistência de participação direta deles no óbito. Ambos cumpriram penas alternativas.
Matheus foi morto a tiro porque teria se recusado a erguer os braços durante a abordagem da GM em uma festa.
Mortes fora do trabalho
Em 2017, a Corregedoria da Guarda Municipal determinou a demissão de Ricardo Leandro Felippe, que havia praticado três assassinatos. Os crimes, no entanto, não estavam relacionados à atividade profissional do agente. Os falecidos eram pessoas de seu relacionamento pessoal. Mas a arma utilizada era da Guarda.
No dia 3 de abril de 2017, Felippe bateu ponto na prefeitura e saiu para cometer uma série de assassinatos. Primeiro matou a sócia de uma ex-namorada. Na sequência, matou o pai e o filho, de apenas 17 anos, de outra ex-namorada.
O guarda também atirou em outras três pessoas da família dessa outra ex-namorada, mas essas pessoas sobreviveram. Ele foi preso no dia seguinte e, em dezembro de 2018, encontrado morto, enforcado, em sua cela.
Levantamento do Gaeco
Embora em quantidade muito menor, o trabalho de guardas municipais de cidades como Londrina, Curitiba, Araucária e São José dos Pinhais vem resultando em mortes por todo o Estado. Levantamento feito pela Lume no portal do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revela que, nos últimos cinco anos (de 2018 a 2022), das 1.919 mortes decorrentes da atuação de forças de segurança no Estado, 25 foram de responsabilidade de guardas municipais. Policiais civis mataram 22 pessoas no período. E a Polícia Militar, 1.872.
Demissão por roubo
A Guarda Municipal de Londrina também demitiu 13 agentes acusados de desvio de R$ 650 mil que teriam sido apreendidos numa abordagem. Isso foi em julho de 2019.
Fonte: Rede Lume