Boa parte do resultado foi afetado pelo grupo Alimentação e Bebidas; variação acumulada em 12 meses ficou em 4,14%
A prévia da inflação oficial perdeu força e encerrou o mês de março em alta de 0,36%, resultado 0,42 ponto percentual abaixo do visto em fevereiro (0,78%), segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em março de 2023, o IPCA-15 foi de 0,69%.
Com isso, o IPCA-E (IPCA-15 acumulado trimestralmente), situou-se em 1,46%, abaixo da taxa de 2,01% registrada no mesmo período em 2023. Nos últimos 12 meses, a variação foi de 4,14%, abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Cinco dos nove grupos de produtos e serviços registraram alta em março, com destaque para o grupo Alimentação e Bebidas, que subiu para 0,91% – contudo, o índice apresenta uma leve desaceleração ante fevereiro, quando ficou em 0,94%.
Fatores sazonais e fenômenos climáticos
No período, a alimentação no domicílio subiu 1,04% influenciado por itens como cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%). Outros itens apresentaram queda, como a batata-inglesa (-9,87%), a cenoura (-6,10%) e o óleo de soja (-3,19%).
A alimentação fora do domicílio acelerou e subiu de 0,48% em fevereiro para 0,59% em março, por conta da alta mais intensa da refeição (0,35% em fevereiro para 0,76% em março). O lanche (0,19%) registrou variação inferior à registrada no mês anterior (0,79%).
Na visão de Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, a magnitude da inflação de alimentos foi diretamente afetada por movimentos sazonais e pressões geradas por fenômenos climáticos.
“No primeiro caso, frutas e hortaliças, que são dois dos subgrupos extremamente voláteis e sazonalmente apresenta repiques no mês de março, voltaram a acelerar, ao passo que tubérculos retornou para o terreno negativo após 2 meses de intensa pressão inflacionária”, explica a economista.
No caso de cereais e leguminosas, a economista afirma que o grupo apresentou inflação elevada por três meses consecutivos em decorrência dos efeitos adversos das intempéries climáticas sobre o arroz, mostraram forte arrefecimento inflacionário.
As proteínas, por sua vez, seguem com inflação baixa, especialmente o grupo de carnes – Carla Argenta destaca que “sua evolução é absolutamente importante para a inflação global de alimentos ao longo do tempo porque seus movimentos inflacionários não são facilmente revertidos. Nesse sentido, uma vez passados os choques supracitados sobre os itens voláteis, os alimentos devem voltar a apresentar um nível inflacionário baixo”.
Outras variáveis
No grupo Transportes (0,43%), houve queda na passagem aérea (-9,08%), que registrou o maior impacto negativo (-0,07p.p.) no mês. Por outro lado, a gasolina (2,39%) teve o maior impacto positivo (0,12 p.p.).
Em relação aos demais combustíveis (2,41%), houve alta nos preços do etanol (4,27%), enquanto o gás veicular (-2,07%) e o óleo diesel (-0,15%) registraram queda. O subitem táxi apresentou alta de 0,61% devido ao reajuste de 8,31% em Belo Horizonte (6,04%), a partir de 8 de fevereiro.
“A aceleração inflacionária se deve majoritariamente à inflação de combustíveis automotivos, impactados pela oneração da gasolina levada a cabo em fevereiro e que ainda afeta o indicador via movimentos estatísticos. Passagens aéreas, outro item importante, segue apresentando queda acentuada nos preços (-9,08%)”, diz a economista.
Em Saúde e cuidados pessoais (0,61%), o resultado foi influenciado pelo plano de saúde (0,77%), pelos produtos farmacêuticos (0,73%) e pelos itens de higiene pessoal (0,39%). Na visão da economista-chefe da CM Capital, o grupo “apresentou movimentos distintos e mostra que boa parte da inflação elevada de janeiro e fevereiro se deve a movimentos sazonais, como é o caso de serviços médicos e dentários, que passou de 1,18% em fevereiro para 0,58% em março”.
No grupo Habitação (0,19%), o resultado do gás encanado (-0,35%) teve os seguintes reajustes tarifários incorporados a partir de 1º de fevereiro: no Rio de Janeiro (-0,65%), redução média de 1,30%; e em Curitiba (-1,20%), redução de 2,29%.
“A manutenção do nível de preços em patamar baixo se deve a inexistência de reajustes dos principais itens administrados (energia elétrica residencial e água e esgoto), e às variações comedidas nos preços livres, especialmente aqueles que são amplamente afetados pela inércia inflacionária, como é o caso de aluguel (0,14% no mês)”, pontua Carla Argenta.
Quanto aos índices regionais, todas as áreas tiveram alta em março. A maior variação foi registrada em Belém (0,74%), e o menor resultado ocorreu em Goiânia (0,14%).
Fonte: GGN