Violências contra alunos em colégios do mesmo modelo têm sido recorrentes
No último dia 2 de fevereiro, uma professora foi alvo de ataque machista dentro de um colégio cívico-militar em Apucarana. A professora Isabel Cristina de Oliveira Azevedo participava de reunião da Semana Pedagógica do Colégio Estadual Cívico-Militar Polivalente Carlos Domingos Silva, representando a APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de escola do Paraná), da qual é dirigente, quando foi chamada pelo sargento da reserva Antônio Noel Delgado de ‘acéfala’.
Ainda, o militar disse que ela possuía ‘conhecimento raso’. A violência ocorreu após a docente, acompanhada do responsável pela Secretaria Jurídica da APP, José Antônio Almeida, apresentar pautas do Sindicato. Entre outras demandas, o grupo apresentou a insatisfação da APP-Sindicato com a perda de autonomia dos professores nos colégios cívico-militares.
O Colégio aderiu ao modelo cívico-militar a partir deste ano, após 54% dos professores, alunos, pais e funcionários voltarem a favor da proposta no final do ano passado A professora fez um boletim de ocorrência contra o sargento, enquanto a APP-Sindicato repercutiu em nota, o repúdio à ofensa contra a sindicalista e indicou que a atitude mostra o “despreparo [do militar] para estar num ambiente escolar”.
O Sindicato também entrou com pedido de providência na Secretaria Estadual de Educação do Paraná, no Ministério da Educação, nos órgãos de direito humanos e de direitos da mulher, além do Ministério Público.
“É assim que a APP-Sindicato tem orientado todas as pessoas que foram desrespeitadas e que tenham seus direitos violados, que façam a representação no órgão público para que tenham seus direitos garantidos”, explicou a professora Vanda Bandeira Santana, secretária educacional da APP-Sindicato.
O desrespeito por parte dos militares dos colégios cívico-militares já havia relatado por estudantes. Ano passado, o Portal Verdade repercutiu uma denúncia de uma aluna do Colégio Cívico-Militar Tsuro Oguido, em Londrina. De acordo com a discente, os alunos que chegam atrasados são obrigados a marchar sob o sol por dez minutos, além de terem que ficar de pé por longos períodos.
Houve também crime de intolerância religiosa contra seguidores de religiões de matriz africana denunciada pela mesma aluna (matéria completa pode ser lida aqui).
“Escola não é quartel. Portanto, escola não é lugar de militares desempenhando funções que não nossa da educação, assim como nós professores não vamos desenvolver funções que são próprias da segurança pública. Precisa haver um grande respeito entre nós profissionais, que somos todos servidores públicos”, adverte Santana.
A liderança também informou que há ação de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) contrário à lei que institui os colégios cívico-militares.
*Matéria do estagiário Lucas Worobel sob supervisão.