Em março, programa aprovou captação de 87 milhões de reais para a execução do serviço, mas período eleitoral paralisou tramitação da iniciativa no Ministério do Desenvolvimento Regional. Para geólogo, mais do que desassorear o lago, poder público precisa criar condições para evitar agravamento do problema
Faz oito meses que a prefeitura conseguiu aprovar junto ao Programa Águas Brasileiras, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), um projeto para o desassoreamento do lago Igapó. A iniciativa, realizada em parceria com a Sanepar e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), previa a captação de R$ 87,7 milhões para a execução do serviço ao longo de todo o lago. Mas, segundo a prefeitura, o projeto “empacou” no Governo Federal. A tramitação se encontra paralisada desde o início do período eleitoral e, pelo menos por enquanto, não há prazo para liberação de pelo menos parte dos recursos. A Secretaria Municipal de Planejamento pretende retomar as conversas a partir do próximo ano, após a mudança de governo.
Enquanto isso, o assoreamento continua se agravando principalmente nos lagos III e IV, que sofrem com o problema há décadas. O despejo de sedimentos e outros resíduos contribui para a formação de ilhas de terra ao longo de todo o curso d’água. E nas partes ainda aquáticas, a profundidade não chega a um metro. Já no lago II, entre as ruas Bento Munhoz da Rocha e Joaquim de Matos Barreto, o assoreamento prejudica a capacidade do Igapó de receber a água da chuva. Em outubro, por exemplo, as vias do entorno foram tomadas por inundações durante dois temporais. O lago transborda e invade carros e casas. Os moradores ficam ilhados. André Celligoi é professor de Geologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e acompanha esse problema de perto há mais de 20 anos. O especialista explica que o assoreamento é causado pela falta de áreas verdes, no entorno dos lagos, para a absorção da água da chuva.
O projeto já aprovado pelo Governo Federal envolve a remoção dos sedimentos e a despoluição da água do lago, o que a tornaria segura para o abastecimento da população em casos de escassez hídrica. Pelo cronograma de execução, o início das atividades seria justamente pelos lagos III e IV, pontos onde seriam instaladas as áreas de retenção de resíduos em um prazo de dois anos. Ou seja, além do desassoreamento, a iniciativa também prevê a criação de alternativas para evitar que o problema volte a ser registrado. Para o geólogo ouvido pela CBN, a criação dessas condições seria ainda mais importante do que a limpeza do Igapó em si. De acordo com ele, é preciso fazer com que a área do entorno volte a ter capacidade de absorver a água da chuva. Só assim, no entendimento do especialista, vai ser possível se ver livre de vez do problema.
Fonte: CBN Londrina