Em 7 de outubro do ano passado, uma ação terrorista do grupo Hamas atacou Israel, causou mais de 1.400 mortes e capturou mais de 200 reféns. Como retaliação, Israel iniciou seu ataque à Faixa de Gaza, com bombardeios diários que não poupam ser vivo algum.
Nesses quase quatro meses, mais de 25 mil civis já foram mortos, incluindo mulheres, idosos e um grande número de crianças. Estima-se que já morreram mais de 10 mil crianças. Uma informação recente diz que, a cada hora, uma mulher é morta na Faixa de Gaza pelo exército de Israel. Não tem como não chamar isso de Genocídio!
Logo no início do conflito, uma resolução pedindo o cessar fogo imediato foi colocada em votação pelo Brasil, que, naquele momento, ocupava a presidência do Conselho de Segurança da ONU, mas ela foi vetada pelos EUA. De lá pra cá, com exceção de uma trégua de poucos dias, os bombardeios não pararam de atingir escolas, hospitais, igrejas e abrigos. Estima-se que este genocídio já é maior, proporcionalmente, que o Holocausto Judeu praticado pelos alemães na segunda guerra mundial.
A mídia corporativa financeira ocidental, que domina quase a totalidade dos veículos de comunicação nessa região do globo, tem a covardia de, mesmo diante de toda essa barbárie, defender a posição de Israel e o apoio americano. No Brasil, os principais veículos tradicionais de comunicação são representantes deste absurdo. Seus funcionários, jornalistas e comentaristas não se envergonham de montar uma narrativa que, nas entrelinhas, apontam apenas o Hamas como terroristas.
Não querem ver que a ação do Estado de Israel, agindo da forma que está, também é terrorista! E nesse caso estamos falando de um Estado Terrorista de Israel. Essas ações já vêm há décadas e Gaza é denominada por muitos como um campo de concentração a céu aberto!
Os poucos jornalistas e políticos no Brasil que expõem as atrocidades do genocídio praticado por Israel e clamam por ações de paz imediata são atacados pela Confederação Israelita do Brasil (CONIB) com ações judiciais que os acusam de antissemitismo.
Os números atualizados do genocídio, até 21 de janeiro, são: 25.105 pessoas mortas em menos de 110 dias, o que dá uma média de 228 pessoas por dia, 6.800 por mês! Isso é uma máquina de exterminar pessoas! Em grande parte, crianças e mulheres. A falta da infraestrutura, destruída pelos bombardeios, como hospitais, energia, saneamento, só agrava a tragédia. Falta comida, água, médicos.
É importante salientar que médicos, jornalistas e funcionários da ONU também foram assassinados. Só de jornalistas temos quase 100 vítimas, um número sem precedentes se comparado com outras guerras; mais de 150 funcionários da ONU foram também mortos e pelo menos 110 profissionais da saúde, incluindo muitos médicos.
Nunca uma guerra matou tantos jornalistas, médicos e agentes da ONU. Recentemente a África do Sul acionou a Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, por violações à Convenção contra o Genocídio
por parte de Israel. Esta ação representa algo importante diante da letargia e incapacidade da comunidade internacional, apesar de esses processos serem morosos.
Os EUA têm poder para colocar fim ao genocídio de Israel, mas preferem fechar os olhos e continuar a fornecer mais armamentos para este país. Os discursos do governo americano são carregados de uma hipocrisia sem vergonha!
Deus e Alá podem perdoar, a história não! EUA e seus vassalos da Europa, como Reino Unido, França e Alemanha, principalmente, são cúmplices do genocídio imposto ao povo palestino e ficarão marcados na história por esse crime!
O genocídio que nos é apresentado na terceira década do século XXI revela uma desumanidade ainda muito presente em nossa espécie. Pouco foi aprendido com o holocausto da segunda guerra.
Fábio da Cunha
Professor Dr. Fábio César Alves da Cunha é geógrafo e docente associado do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina UEL. Possui mestrado em Planejamento Ambiental (UNESP), Doutorado em Desenvolvimento Regional (UNESP) e Pós-Doutorado em Metropolização pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Trabalha com geografia urbana e regional, planejamento urbano e ambiental, geopolítica e metropolização.