Os candidatos ao governo do Paraná, Ângela Machado (PSOL), Roberto Requião (PT) e Ricardo Gomyde (PDT) estiveram ontem (1º) na Universidade Estadual de Londrina (UEL) participando de debate promovido pelo Coletivo de Sindicatos de Londrina com apoio da Rádio UEL FM, Portal Verdade e Diretório Central dos Estudantes (DCE).
A sabatina lotou o anfiteatro Cyro Grossi no Centro de Ciências Biológicas (CCB). Durante entrevista ao Portal Verdade, o candidato petista destacou que irá fortalecer o ensino superior gratuito através da contratação de mais professores e técnicos via concursos públicos, distanciando-se de processos seletivos que estabelecem contratos temporários.
“Precisamos reestabelecer concursos porque o que vemos hoje é uma tentativa de privatizar as universidades brasileiras. O rato [Ratinho Júnior] seguidor do Paulo Guedes e do liberalismo selvagem pretende a mesma coisa acabar com as universidades e privatizar o ensino”, afirma.
A psolista, Ângela Machado, ressalta a importância de mais mulheres adentrarem a política. Nas eleições de 2022, candidaturas de mulheres no Paraná representam 33% dos concorrentes. Por sua vez, o eleitorado é majoritariamente composto por mulheres, totalizando 53%, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para ela, é necessário que além de ser mulher é necessário que estas assumam pautas que defendam os interesses dos grupos mais vulneráveis. “Nós entendemos que tem que ser mulheres que estejam ao lado da classe trabalhadora, que realmente vocalize os anseios da comunidade LGBTQIA+, negros e negras, indígenas, que faça defesa daqueles que historicamente são negligenciados”.
Machado também lembra que o Paraná é o estado que mais tem universidades públicas no país, porém, evidencia que estes espaços têm sido negligenciados nos últimos governos. Segundo a candidata, é necessário garantir mais investimento em ensino, pesquisa, extensão. “É preciso pensar também a permanência dos estudantes, a valorização dos profissionais. A maioria dos profissionais tem contratos temporários, precarizados devido à falta de concursos. Também sofrem com perdas salariais muito grandes desde 2015”, analisa Machado.
A dívida do estado com o funcionalismo público chega a quase 37%. A professora aponta também que a principal finalidade para concorrer ao Palácio do Iguaçu é afastar o modelo de política organizado no Paraná voltado apenas para as camadas mais abastadas.
Ricardo Gomyde (PDT) lamentou a ausência de Ratinho Junior (PSD) no debate. “O candidato lendo no teleprompter e com seus publicitários falseia o que de fato defende, então, é no debate que o candidato desnudado propõe, confronta ideias, tem que apresentar soluções e prestigia o eleitor”, avalia o pedetista.
O candidato também reforçou a necessidade de aumentar os investimentos nas políticas de permanência a exemplo dos subsídios para os restaurantes universitários e moradia estudantil. “Não basta que a universidade seja gratuita, é necessário que os estudantes tenham condições para que nelas estudem”.
População avalia o debate
Danilo Ferreira, trabalhador autônomo, destaca que o debate atendeu as expectativas. “Todos os candidatos foram muito coesos nas suas falas e eu acho muito importante ocorrer dentro da Universidade para que todos tenham mais conhecimento do que está sendo apresentado e dos próprios candidatos nos quais votaremos”, avalia.
Vinicius Ferreira também trabalhador autônomo, ressalta a importância da sabatina e considera que os três candidatos presentes poderão qualificar a gestão do estado face ao governo em vigor. “Na minha percepção, são três candidatos que são melhores do que o governador atual [Ratinho Júnior]. Me deu uma esperança de que a gente possa votar em alguém que possa tirar ele de lá”.
“O debate é interessante para a população ficar sabendo o que os candidatos pensam para a população paranaense. O problema é o tempo que é muito curto. A ausência do governador [Ratinho Júnior] me preocupa muito. Na propaganda é falado ‘eu quero debater com todos’. Mas cadê o cara para debater? Isso é um problema sério. Mas o debate é muito interessante, espero que a UEL permaneça promovendo, observa João Carlos Pinheiro, profissional da área de fotografia.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.