Roni Miranda, que é professor há 18 anos e atuou como diretor de Educação da Seed no primeiro mandato de Ratinho Jr., diz que também deixará “sua marca” e promete diálogo
Ex-diretor pedagógico da Secretaria de Educação do Paraná (Seed) e braço direito do então secretário Renato Feder, Roni Miranda será o novo comandante da pasta em 2023. Anunciado pelo governador Ratinho Jr. (PSD) em dezembro, Miranda deve dar continuidade aos projetos adotados pelo antigo chefe, que assume a Educação no estado de São Paulo este ano. Apesar disso, o novo secretário promete uma gestão de mais diálogo e valorização da categoria.
A nomeação de Miranda indica que não deve haver mudanças na política educacional adotada pelo governo de Ratinho Jr, que foi marcada pelo destaque do estado na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), mas também pela criação de escolas cívico-militares, a terceirização de parte do processo educativo e o apoio ao homeschooling.
“O nosso trabalho vai ser de continuidade, mas vou deixar minha marca também. Faremos um trabalho focado na ampliação da oferta de ensino de tempo integral, a pedido do próprio governador, e no diálogo com a categoria”, disse.
Ao Plural, o secretário adiantou que pretende ampliar a oferta da educação em tempo integral, aprimorar a educação inclusiva, dar aos estudantes mais condição e acesso às escolas e valorizar, dentro das salas de aula, o papel das comunidades indígenas, negras e quilombolas na construção da sociedade paranaense.
Miranda também disse estar esperançoso e espera poder contar com o financiamento e apoio do Ministério da Educação (MEC). “Vamos continuar tornando o Paraná referência em Educação.”
Gestão de diálogo
De acordo com Miranda, o objetivo é de que esta seja uma gestão com participação dos profissionais da educação. Porém, afirmou estar “sereno e tranquilo” pois sabe que a Seed e a categoria nem sempre irão convergir nas decisões.
“Isso é natural em uma gestão e eu, enquanto gestor, vou pensar sempre no interesse do estudante da rede estadual, vou ter esse posicionamento. Vou avaliar, quando der para atender o desejo da categoria e do estudante eu vou atender, mas muitas vezes eu sei que decisões minhas vão ser mais espinhosas.”
Para a Secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato) e vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marlei Fernandes de Carvalho, embora o então diretor de Educação da Seed, Renato Feder, abrisse espaço para conversa com educadores, prevalecia o que ela chama de “ótica empresarial” na área educacional.
No entanto, Marlei acredita que há dois pontos de diferenciação entre a gestão anterior e a atual: a entrada de um professor no comando da pasta – uma vez que Feder é empresário – e a mudança no governo federal.
“Nós esperamos um diálogo mais permanente e aberto com as organizações e nossa entidade. Que o secretário possa, antes de agir, ouvir as manifestações que temos. Esperamos também uma visão mais humanista e menos empresarial, que vai de encontro à mudança estratégica do governo federal. Uma visão progressista retorna ao MEC e nós queremos ver isso traduzido na Seed.”
Para isso, segundo Marlei, ainda será necessário muita luta. “Nossa luta vai continuar. Queremos ter um espaço mais amplo, que seja a garantia de uma pluralidade, democracia que nos leve a ter mais acordos com a perspectiva nacional do governo federal.”
Ao Plural, Marlei disse que a APP já solicitou uma reunião com Roni Miranda para levar as demandas sobre a proposta do governo de retirar as disciplinas de arte dos currículos dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II da matriz curricular. Ainda não há data definida, mas, conforme Marlei, o secretário disse que receberia o sindicato até o início da próxima semana.
Roni Miranda
Nascido em Foz do Iguaçu em 1982, Roni Miranda cresceu em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Filho de pais semianalfabetos, fez toda formação na rede estadual de ensino e foi durante uma aula de História sobre o Brasil colonial no Ensino Médio que Miranda decidiu se tornar professor. “Educação é oportunidade e possibilidade de transformação de vidas, e eu sou fruto dessa transformação.”
Miranda se formou em História pela Faculdades Integradas Espírita e fez Pós-Graduação em Geografia e História do Paraná. Começou a lecionar em 2005 como professor da rede estadual, contratado via Processo Seletivo Simplificado (PSS). Dois anos depois, aprovado em concurso público, assumiu o cargo de professor de História no Colégio Estadual Djalma Marinho, em Campo Largo. Em 2011, foi eleito diretor da instituição.
De 2015 a 2019 atuou no Núcleo Regional de Educação da Área Norte da Seed. O convite para chefiar o Departamento de Acompanhamento Pedagógico (DAP) da pasta veio em 2019, após uma conversa com o então secretário Renato Feder. Lá, Miranda foi o responsável pela implantação de programas como o Tutoria Pedagógica.
Durante a pandemia, Miranda assumiu a diretoria de Educação da Seed, onde executou o projeto de aulas remotas no estado, o Aula Paraná, em que estudantes da rede pública podiam assistir às aulas por meio de um aplicativo e em canais de TV vinculados à RIC, afiliada da Rede Record.
Fonte: Jornal Plural