Evento promove debates sobre impacto humano nas mudanças climáticas
Entre esta segunda-feira (4) até a próxima sexta-feira (8), a Universidade Estadual de Londrina (UEL) recebe a 40ª Semana de Geografia, evento que reúne especialistas, estudantes e professores para debater os desafios da ciência geográfica no contexto atual.
Sob o tema “A ciência geográfica frente aos desafios do mundo contemporâneo”, a programação tem a expectativa de discutir questões urgentes como a intensificação das queimadas e a influência da ação humana na crise climática enfrentada globalmente.
País mergulhado em uma crise
O Brasil vive um dos períodos mais críticos no que se refere a queimadas, com o número de focos de incêndio crescendo exponencialmente em várias regiões do país. Dados de agosto relatam 68.635 ocorrências, o 5º maior índice da série histórica, iniciada em 1998. O contingente representa uma alta de 144% em relação a igual período de 2023.
Em setembro, houve 83.157 focos tornando-se o pior mês do ano até o momento. O mês passado foi o setembro com maior número de queimadas desde 2010, quando foram contabilizados 109.030 focos de incêndio.
Já no Paraná, o governo do estado suspendeu até as queimadas controladas, em um esforço para conter os riscos elevados de novos incêndios.
Especialistas apontam que a ação humana é um dos principais fatores que agravam a crise climática, seja pelo uso inadequado do solo ou pela falta de políticas de prevenção e combate aos incêndios florestais.
Segundo o Corpo de Bombeiros, 10 mil focos de incêndio foram registrados desde janeiro até agosto no Paraná , atingindo um ponto crítico. A seca que o estado enfrentou nos últimos meses agravaram a crise.
Na cidade de Londrina, os indicadores não são dos melhores e acaba acompanhando a dura crise ambiental que o país atravessa em 2024. Os números divulgados pelos bombeiros indicam alta de 225% das ocorrências.
A corporação registrou mais de 26 queimadas de vegetação, as zonas mais atingidas são a Leste, com nove incidentes, enquanto a região Norte contabiliza sete, a Sul atinge seis e a Oeste conta com quatro ocorrências.
Em setembro, a cidade registrou mais de 70 casos de incêndio. A média é de praticamente três registros por dia.
Necessidade do debate
Os números alarmantes registrados no país e, em especial em Londrina, torna o evento um importante espaço para debater sobre o tema que se torna cada vez mais emergente.
É o que aponta Jaqueline Vercezi, professora da UEL e coordenadora do evento. Para Vercezi, discutir a geografia no contexto das queimadas é essencial, pois permite compreender os fenômenos e propor soluções para reduzir seus impactos.
“É crucial para que possamos entender os fenômenos que estão envolvendo o planeta, a sociedade e a realidade brasileira na atualidade, como as queimadas e as mudanças, que atingem campo e cidade de maneira cada vez mais intensa, obrigando o estado a repensar as políticas públicas. Por isso, eventos como a 40ª Semana de Geografia da UEL são fundamentais para trazer reflexões e propostas de mitigações para os problemas contemporâneos do espaço geográfico “, destaca.
De acordo com a docente, o objetivo do encontro é estimular a reflexão sobre o papel da geografia na promoção de soluções sustentáveis para os problemas enfrentados pela sociedade.
“O objetivo é fomentar o diálogo, a reflexão e a ação em torno dos desafios que assolam a sociedade, contribuindo para o avanço do conhecimento e para a formação de cidadãos conscientes e engajados na resolução das principais questões socioespaciais contemporâneas”, afirma Vercezi.
Os debates vão explorar como a ciência geográfica pode auxiliar na formulação de políticas públicas que diminuam os impactos das mudanças ambientais, sobretudo, em regiões afetadas por queimadas frequentes, como a região do Pantanal e a Amazônia.
Programação e inscrições
A 40ª Semana de Geografia contará com palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos acadêmicos, que discutirão temas como urbanização e sustentabilidade.
O evento é aberto a estudantes e profissionais da área, incluindo egressos dos cursos de geografia, arquitetura e urbanismo, entre outros interessados.
As inscrições para ouvintes podem ser feitas até hoje, primeiro dia do evento (4 de novembro). Os inscritos receberão certificado, desde que participem de pelo menos 75% da programação. Mais informações sobre a programação e o processo de inscrição estão disponíveis no site do evento (disponível aqui).
Matéria do estagiário Jader Vinicius Cruz sob supervisão.