Docentes etécnicos-administrativos realizam assembleias nesta quinta-feira (20) para decidir os rumos da paralisação
Os servidores das universidades federais estão analisando e discutindo as propostas recebidas pelo Governo Federal. Os sindicatos que representam as categorias se preparam para realizar assembleias regionais nesta quinta-feira (20) para decidir sobre a continuidade da greve.
“A negociação com o governo aconteceu em um bom nível, mas economicamente não avançou muito. A greve continua, estamos negociando e pedindo uma nova mesa até que o governo alinhe os termos do acordo”, diz Valter Antônio Maier, TAE na UFPR.
Apesar das negociações em andamento, a greve dos servidores federais continua.
Os docentes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se reunirão em Assembleia Geral nesta quinta-feira (20). A assembleia será presencial em Curitiba e nos demais campi da universidade. A pauta inclui a avaliação da greve e a continuidade do movimento.
Os professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná também vão se reunir no dia 20 para discutir a nova proposta do governo e a decisão sobre a continuidade da greve ou a construção de uma saída coletiva no âmbito do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN).
Suspensão de calendário acadêmico
Na última semana, a UTFPR decidiu suspender o calendário acadêmico. A medida foi aprovada em reunião dos Conselhos Universitários e entra em vigor a partir do fim do semestre letivo, em 5 de julho. O Instituto Federal do Paraná (IFPR) já havia realizado a suspensão anteriormente. A UFPR, no entanto, mantém o calendário ativo.
“A suspensão do calendário seria algo que uniformizaria o tratamento com os alunos, reposição das aulas com qualidade, todos os processos burocráticos na universidade teriam a mesma dinâmica, mas infelizmente isso não aconteceu”, critica Francisco de Assis Marques, integrante do Comando Local de Greve UFPR.
A UFPR divulgou diretrizes para a readequação do calendário acadêmico dos cursos de graduação e educação profissional para 2024, ao final da greve: “O grande princípio para uma readequação de calendário é envolver as três categorias, as pessoas que fizeram greve não podem ser penalizadas. Qualquer proposta tem que ser discutida e aprovada pelas três categorias e não apenas por uma pró-reitoria”, acrescenta Francisco.
Demandas da greve
A greve dos servidores já dura mais de três meses para os técnicos-administrativos e mais de dois meses para os docentes em todo o Brasil.
Os docentes iniciaram a paralisação em 15 de abril, reivindicando reajuste salarial e recomposição do orçamento dos centros de ensino. Os servidores pedem aumento de 3,69% em agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio de 2026. O governo, por sua vez, oferece 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.
A administração federal também propôs a revogação imediata da portaria 983, editada durante o governo anterior, caso a categoria assine o acordo pelo fim da greve. A portaria é criticada por ampliar a carga horária dos professores dos institutos federais. Além disso, discutiu-se a revisão da Instrução Normativa 66, que trata da progressão na carreira, dificultando progressões múltiplas.
Os sindicatos levarão a proposta aos trabalhadores, que decidirão em assembleia se aceitam ou rejeitam as condições.
“Conseguimos algumas conquistas da greve até o momento, mas são questões insuficientes”, avalia Francisco. “Uma saída da greve seria catastrófica porque a proposta do governo é catastrófica para as universidades públicas”.
Para os técnicos-administrativos em educação, a proposta do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos prevê um reajuste médio de 29,6% em quatro anos, incluindo o reajuste geral do funcionalismo público federal concedido no ano passado.
“O que chama muita atenção é que o governo tem liberado recursos vultosos para outras áreas, dando aumento salarial para outras categorias acima de 20% este ano, e tratado a educação com total descaso.
Isso é lamentável”, conclui Francisco.
Fonte: Brasil de Fato