A categoria que já estava em estado de greve optou por aderir a paralisação dos serviços juntamente com outras instituições federais espalhadas pelo país, defasagem salarial chega a 40%
Em assembleia online do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná (SINDIEDUTEC) realizada na terça-feira (19), com a presença de mais de 455 participantes, os servidores docentes e técnico administrativos do IFPR e do Colégio Militar do Instituto Federal do Paraná (IFPR) aprovaram a greve, com 83.30% dos votos a favor. A deflagração do indicativo ocorre a partir desta segunda-feira, 25 de março.
Reivindicações
Entre as principais reivindicações estão: a inclusão de orçamento para recomposição salarial de TAEs e Docentes ainda em 2024; reestruturação do PCCTAE e cumprimento do piso nacional do magistério com incorporação na carreira ainda no primeiro semestre de 2024; garantia de reajuste de auxílio alimentação, auxílio creche e ressarcimento saúde a partir de maio de 2024, com a equiparação com as outras esferas do serviço público e a revogação da 983 e criação de grupo de trabalho para construção de nova regulamentação do trabalho docente EBTT tendo em vista a criação de condições efetivas para ensino, pesquisa, extensão e inovação. Criação e regulamentação de RSC para TAEs.
Segunda Sindical
A crise no ITFR foi amplamente debatida no dia anterior, 18, durante a abertura da nova temporada do “Segunda Sindical”, mesacast do Portal Verdade apresentado pela jornalista Elsa Caldeira que teve como convidado o Reinaldo Benedito Nishigawa, diretor geral do IFPR e conselheiro fiscal do SINDIEDUTEC.
A defasagem salarial e a greve foram um dos principais pontos abordados por Reinaldo. Os servidores técnicos das Instituições sofrem desde o governo Temer com baixos reajustes salariais. “Temos uma defasagem salarial que beira os 40%, de 2015 para cá. Isso vem se acumulando devido uma série de políticas dos governos que antecederam o atual Lula (PT), falou o diretor geral do IFPR.
No final do mês passado, representantes da categoria se reuniram com o governo para discutir sobre a recomposição, porém sem sucesso. O Governo marcou uma nova reunião para junho e alegam depender de um incremento na arrecadação para conceder o reajuste. Caso não haja o incremento econômico esperado, a recomposição pode ficar para 2025.
“O que nos deixa mais chateados enquanto profissionais é a relação com as negociações. A Polícia Federal com 22% de aumento, os Policiais Rodoviários Federais com 27%, a carreira de analista com 100% de aumento nos salários. A proposta que tivemos para os próximos dois anos foi de 9% de recomposição, muito aquém do que foi dado para outros servidores”, criticou Reinaldo na entrevista do mesacast. Algumas Instituições Federais estão em greve, enquanto outras estão em estado de greve.
Inscrições e Permanência nos Institutos Federais
Outro assunto tratado por Reinaldo Nishikawa foi sobre a entrada dos estudantes dentro do instituto. Os candidatos a uma vaga possuem três opções de escolha: ensino médio integrado ao ensino técnico, curso técnico subsequente, para quem já terminou o ensino médio, além dos cursos superiores. A prova ocorrerá uma vez ao ano, no segundo semestre, e o aluno pode solicitar a isenção da inscrição, caso precise.
“Algo que tenho muito orgulho de falar é que 80% de nossas vagas são destinadas a cotistas”, informou o diretor. A instituição também oferece bolsas inclusão, que ajudam a manter alunos carentes em sala de aula. O estudante também participa de projetos de pesquisa e extensão e, assim, tenta bolsas nesses projetos. Ao final do curso, cada aluno deve desenvolver um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
Identidade
Os Institutos Federais nascem a partir das escolas técnicas das UTFs (Universidade Tecnológica Federal) até se tornarem uma única instituição. Para Reinaldo, um desafio presente em Londrina é ensinar à comunidade a diferença entre as duas instituições. Diferentemente da UTFPR, o Instituto Federal atende jovens que buscam um ensino técnico e profissionalizante, para se prepararem para o mercado de trabalho.
“ Usamos a propaganda, mostrar a Instituição, levar as pessoas para dentro dela. O desafio principal é justamente conseguir mostrar para as pessoas nosso diferencial”, explica Reinaldo. Com cerca de 85 anos de diferença entre as duas Instituições, é ainda pouco conhecida na cidade.
O IFPR possui 25 campus no Estado e atendem cerca de 26 mil estudantes na modalidade presencial ou remota. Londrina possui duas unidades:
Semana passada o Governo Federal anunciou a criação de mais 100 novos Institutos Federais pelo país. Serão 12 unidades no norte, 38 unidades no nordeste, 10 unidades na região centro-oeste, 27 unidades no sudeste e 13 unidades no Sul, uma delas em Cambé. A ampliação pretende criar 140 mil novas vagas.
Programação para os próximos dias
Notificação da Reitoria do IFPR e a Direção do CMC por meio de ofício sobre a aprovação do indicativo de greve
25/03 – Deflagração da greve
25/03 – Neste dia todos os campi deverão reunir os servidores e eleger dois representantes – um TAE e um docente – para reunião presencial de organização do comitê de greve
27/03 – Reunião presencial para definir calendário para estabelecimento dos comandos locais e central de greve
Para assistir à entrevista do” Segunda Sindical” com o diretor do IFPR, Reinaldo Nishikawa, acesse:
Matéria do estagiário Lucas Worobel sob supervisão.