Servidores consideraram a sabatina importante para conhecer mais as propostas dos concorrentes, porém criticaram falas desfavoráveis à estabilidade do funcionalismo público
Na última segunda-feira (19), candidatos e candidatas que concorrem às três no Senado Federal pelo estado do Paraná no pleito de 2022, foram sabatinados em live promovida pelo Coletivo de Sindicatos de Londrina com apoio do Portal Verdade e Rádio UEL FM.
Participaram do encontro: Dr. Saboia (PMN), Laerson Matias (PSOL), Roberto França (PCO), Desiree Salgado (PDT), Orlando Pessuti (MDB) e Professora Marlei Fernandes (PT), esta última representando a candidatura coletiva composta juntamente com Rosane Ferreira (PV) e Elza Campos (PCdoB). Alvaro Dias (PODE), Sérgio Moro (UB), Paulo Martins (PL) e Aline Sleutjes (PROS) foram convidados, mas não compareceram.
Os adversários responderam quatro perguntas sobre reinvindicações da classe trabalhadora como a revogação das reformas trabalhista (Lei Lei 13.467/2017) e administrativa (Proposta de Emenda à Constituição nº 32 de 2020). Luciana Sumigawa, integrante da APP Sindicato, Núcleo de Londrina, considerou que a sabatina contribuiu para que a população escolha um representante que realmente defenda o direito de todos os trabalhadores. “A live foi muito importante, pois foi possível verificar as propostas de mandato e, principalmente, a visão de cada candidato e candidata sobre a precarização do trabalho e terceirização dos serviços públicos”, afirma.
A professora criticou as declarações dos candidatos Dr. Saboia (PMN) e Orlando Pessuti (MDB) sobre a contratação de trabalhadores para atuarem em órgãos públicos sem que haja necessariamente garantia de estabilidade e realização de concursos, respectivamente.
“Infelizmente, nas falas do Dr. Saboia e Orlando Pessuti não se percebe a contrariedade a terceirização dos serviços públicos. Segundo Dr. Saboia, os servidores públicos têm exagero de direitos, mas quem conhece a realidade dos servidores públicos como na educação e saúde, sabe que não é verdade, pelo contrário, estamos vivendo um desmonte, precarização e retirada de direitos nestes seis últimos anos a nível federal e estadual. A terceirização e privatização dos serviços públicos traz prejuízos para os servidores e, principalmente, para a população que precisa destes serviços com qualidade”, ela observa.
Diego Marquetti, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ibiporã, também ouviu com preocupação os posicionamentos dos dois candidatos. Ele lembra que diversos estudos comprovam que a terceirização dos serviços públicos afeta não apenas as condições de trabalho das categorias, tornando-as mais precarizadas, mas também a qualidade do atendimento ofertado à população.
“Quando você fala em terceirização você fala automaticamente em precarização do trabalho e diminuição da qualidade. Especialmente, quando se fala em saúde, educação, a qualidade tem que ser a maior possível e, infelizmente, não é isso que vimos em alguns candidatos. Nós temos a defesa do servidor estatuário, estável, justamente porque alguns entendem que esta estabilidade contribui para [o estabelecimento] de políticas públicas e não de políticas partidárias para ganhar ou perder voto. Quando você retira a estabilidade do servidor você transforma política pública em palanque político e daí o lado dominante vai fazer aquilo que deseja e não o que a Constituição determina que seja feito e a população precisa que seja feito. Vai fazer o que quer para ter lucro e se manter no poder”, observa.
Para Marquetti, os discursos dos candidatos representam os interesses daqueles que financiam as suas campanhas. Diante disso, ele pontua que ações como a live são significativas para estimular o entendimento da sociedade sobre as funções que os políticos devem desempenhar.
“A live foi bastante importante, interessante os candidatos exporem suas ideias até para gente poder conhecer melhor, ver com quem nos identificamos melhor. Acho que foi válida e a gente precisa ter mais ações neste sentido para aumentar a politização da população. Para entender, de fato, qual é o papel do político enquanto representante. O político não é um chefe, ao contrário, ele é um empregado da população e estes debates são como currículos que temos para decidir se vamos contratar ou não”, conclui.