Cerimônia acontece no Cine Teatro Ouro Verde a partir das 19h. Ingressos podem ser retirados na bilheteria
Nesta sexta-feira (18), ocorre a cerimônia de entrega do título de Doutora Honoris Causa à Vilma Santos de Oliveira pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). O evento acontece no Cine Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, nº 85, Centro) a partir das 19h. Mais conhecida como Dona Vilma ou Yá Mukumby, a liderança do Movimento Negro, foi assassinada em agosto de 2013 aos 63 anos. Também foram mortas sua mãe, Alial de Oliveira Santos, com 86 anos, e uma neta de 10 anos. O crime foi motivado por intolerância religiosa.
A outorga, aprovada pelo Conselho Universitário (CU) em outubro deste ano através do ato 087/2022, é atribuída a pessoa cuja trajetória tenha contribuído para a humanidade. De acordo com a resolução: “Vilma Santos de Oliveira – Dona Vilma – Yá Mukumby foi uma mulher negra, uma personalidade de grande importância na cidade de Londrina e na Universidade Estadual de Londrina. Sua trajetória de vida e de militância, fez com que viesse a ser respeitada e reconhecida pela comunidade londrinense, nos mais diversos segmentos e por inúmeras pessoas. Yá Mukumby, mesmo não tendo formação acadêmica, atuou incansavelmente em diferentes espaços dentro da instituição. Lutou para que todos tivessem acesso à Universidade pública, gratuita e de qualidade”.
Dona Vilma foi uma das responsáveis pela adoção da política de ações afirmativas na UEL, a exemplo das cotas étnico-raciais, implementadas em 2005. “O título honoris causa reconhece uma luta que é tornar a Universidade Estadual de Londrina não uma fábrica de diplomados brancos, muito pelo contrário, uma instituição de ensino superior que reconhece a diversidade demográfica, religiosa, e que produz espaços de coexistência das diferenças dentro do seu território. Isso é um grande desafio porque nós estamos imersos em uma sociedade que não comunga destes valores. Então, a UEL segue esta luta que é sem fim na sociedade brasileira”, observa Fábio Lanza, professor do departamento de Ciências Sociais na UEL e um dos autores da biografia “Yá Mukumby, a vida de Vilma Santos de Oliveira”.
A obra (disponível aqui) faz parte da coleção “Presença Negra em Londrina”, organizada pelo Laboratório de Cultura e Estudos Afro-Brasileiros (LEAFRO). O docente pontua que, o exemplar lançado em 2010, revisado e ampliado em 2013, contou com a participação intensa de Dona Vilma. Para Fátima Beraldo, gestora de Política de Igualdade Racial de Londrina, a homenagem é estendida para toda população negra tão invisibilizada na história da cidade.
“Ela deu a vida para dar visibilidade e valorização à cultura negra nesta cidade. É a primeira vez que uma mulher negra recebe uma titulação, uma honraria dessa dimensão em Londrina. Da parte da Universidade, é de um papel importantíssimo, essa homenagem a Dona Vilma traz um reconhecimento a toda população negra de Londrina que é sempre esquecida. A população negra não está colocada entre os pioneiros, por exemplo. Esta sempre foi uma luta do movimento negro para tirar do ocultamento, do silenciamento a população negra que também contribuiu para a construção de Londrina”, avalia Beraldo.
Os convites estarão disponíveis na bilheteria do Cine Teatro Ouro Verde. Primeiramente, os convidados serão acolhidos em frente ao Cine Teatro pelo grupo Capoeira e Boi. A cerimônia começa às 20h e reunirá diversas lideranças, além de familiares e amigos. O título será recebido pelos filhos de Dona Vilma. Também serão realizadas apresentações artístico-culturais, com o rapper Leandro Palmeira, os sambistas Braguinha e Luisa Braga, as cantoras Silva Borba e Cecília Bandeira, o grupo Maracatu Semente de Angola e a Associação dos Ogãns de Londrina.
Acompanhe a seguir indicação de materiais que abordam a trajetória de Yá Mukumby:
Curta Mulheres, documentário “Dona Vilma”
Podcast “Yalorixá mãe de todos”
“Tudo o que você gostaria de saber sobre macumba e nunca teve coragem de perguntar”, com Dona Vilma
E-book “Relações Etnicorraciais – Saberes e Experiências no Cotidiano Escolar”, acesse gratuitamente aqui.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.