Shay Botassio registrou boletim de ocorrência após casal cometer transfobia contra ela
Transfobia – A cozinheira Shay Botassio, mulher trans de 35 anos, foi agredida por um casal na terça-feira (28), no terminal de ônibus do Conjunto Vivi Xavier (zona norte), em Londrina. Ela registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e nesta quinta-feira (30) fará exame de corpo de delito.
As agressões, segundo Shay, começaram dentro do banheiro do terminal. Ela conta que entrou numa das cabines ouvindo música com fone de ouvido. Ao sair, a porta, que abre para fora, esbarrou numa criança pequena que estava no chão. “Eu não tinha como saber que essa criança estava lá. Mesmo assim, eu pedi desculpa. A porta bateu de leve, mas a mãe ficou irritada”, conta.
De acordo com a cozinheira, a mulher começou a agredi-la verbalmente. “Eu rebati questionando por que uma criança tão pequena estava no chão de um banheiro público.”
Após isso, a mulher passou a fazer comentários transfóbicos. “Ela mandou eu procurar o banheiro do outro lado, que é o banheiro de homem. Disse que minha barba estava aparecendo. Começou a me chamar de homem barbado, de traveco, de aberração. Falou que, para eu ser mulher eu precisava ter útero. Fiquei bem nervosa.”
Segundo Shay, a mulher teria dito que não continuaria a discussão e chamaria o marido. “Ela falou que ia chamar o marido para discutir de homem para homem comigo.”
Ambas saíram do banheiro e o segurança, percebendo a discussão, se aproximou tentando acalmar os ânimos. “A mulher sumiu por um instante e tinha duas senhoras perto de mim, me consolando. Logo, ela voltou com o marido, que começou a me xingar de tudo que é nome.”
A cozinheira afirma que virou as costas para entrar no ônibus, quando sentiu um chute dado pelo homem. “O segurança segurou ele e o arrastou. Eu só ouvi o homem gritando, ameaçando o segurança também.”
Na sequência, a mulher deu um tapa nas costas de Shay e foi atrás do marido. “Eu fiquei me sentindo humilhada, sem ação, sem saber o que fazer. Entrei no ônibus e fui embora.”
Cozinheira, com trabalho fixo, Shay disse que passou a quarta-feira chorando no serviço e à tarde foi registrar boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, onde foi informada que, por não ter sido uma agressão doméstica, teria de procurar outra delegacia, perto da Avenida Brasília.
Depois de preencher o B.O., Shay foi orientada a fazer o exame de corpo de delito e voltar a procurar a Polícia Civil em 15 dias para saber se o casal foi identificado pelas câmeras de segurança do terminal e se eles vão responder pelas agressões.
A cozinheira alega que sempre usa o banheiro daquele terminal e que nunca antes havia passado por algum constrangimento.
Fonte: Rede Lume