Cerca de 90 mil advogados participam do pleito em todo o Paraná
Nesta sexta-feira (22), ocorre a eleição da nova diretoria que assumirá o comando da OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná) no triênio 2025-2027. No pleito, serão escolhidos os representantes para o conselho seccional e diretoria, além das diretorias da Caixa de Assistência dos Advogados, das 49 subseções e conselheiros federais.
A participação nas eleições da OAB-Paraná é obrigatória a todos os profissionais inscritos na Ordem, sob pena de multa equivalente a 20% da anuidade, salvo com ausência justificada. Para votar, contudo, é preciso estar em dia com o pagamento das obrigações financeiras e com a inscrição ativa.
Em Londrina, três chapas concorrem: XI de Agosto, liderada por Mário Xavier; OAB Democrática dirigida por Roger Striker Trigueiros e Pela Ordem, sob o comando de Zulmar Fachin.
Situação
A chapa de situação é a XI de Agosto, que tem como candidatos Mário Xavier na presidência e Talita Fidélis como vice. Uma das principais propostas do grupo é fortalecimento da “advocacia jovem” através do desenvolvimento de ações que visam a qualificação continuada de profissionais recém-formados (confira propostas na íntegra aqui).
“Com o Conecta OAB, vamos criar mentorias para estes advogados, porque veja uma coisa é você ter toda juridicidade para desenvolver o seu trabalho, criar teses brilhantes, outra coisa é você pensar no negócio advocacia, como se faz gestão do escritório, parte administrativa, contábil. É bom que esse jovem advogado que não teve isso na faculdade, tenha um mentor, um advogado com vasta experiência para auxiliá-lo neste começo. Nós também vamos fazer um programa com cursos multidisciplinares em todas as áreas, na prática da advocacia aquele conteúdo doutrinário, que tiveram na faculdade, ou seja, como aquilo funciona na prática, em audiência, na elaboração de petições e atendimento ao cliente”, diz Xavier.
Oposição
Integrando a oposição, há a chapa “OAB Democrática”, cuja presidência é ocupada por Roger Striker Trigueiros e a vice-presidência por Mário Barbosa. O grupo, que surge a partir da união dos movimentos “A OAB que eu quero” e “Algo novo”, defende a necessidade de renovação.
“A alternância de poder é fundamental para manter o estado democrático de direito. Hoje, a OAB-PR está sob o controle do mesmo grupo há mais de 40 anos, o que fez com que a identidade da entidade se confundisse com a identidade da chapa XI de Agosto. A renovação é crucial para devolver à OAB sua independência e representatividade”, defende o candidato à vice-presidência.
Para Barbosa, os principais objetivos da candidatura é recuperar o protagonismo da OAB-PR na defesa dos direitos e da justiça não apenas entre a categoria, mas perante a sociedade de maneira ampla (acompanhe propostas aqui).
“A ausência de protagonismo por parte da OAB é uma questão crítica, tanto para os advogados quanto para a sociedade. Muitos advogados sequer sabem o nome do atual presidente da subseção de Londrina. A OAB deixou de ser um farol para a sociedade londrinense, tanto que a imprensa não mais procura a entidade para se posicionar frente às grandes demandas”, assinala.
Também integrando o campo oposicionista, há a chapa “Pela Ordem”, liderada por Zulmar Fachin e Luana Leão. A proposta do coletivo é construir “uma nova OAB em 2025”, com uma composição de chapa plural e que respeita a paridade entre homens e mulheres, negros e pardos, e “em especial respeita o que pensa a advocacia paranaense” (veja propostas aqui).
“Há em Londrina e no Paraná também, um certo anseio por mudança. Então, de modo bem objetivo, nós somos uma proposta de mudança, somos uma alternativa na OAB na subseção e no estado também. Londrina já são décadas que é o mesmo grupo, pessoas boas, valorosas, mas é o mesmo grupo conduzindo a OAB sucessivamente por anos e anos. Nós somos uma subseção que tem 9.500 advogados, é a maior do Sul do país. Se Londrina fosse um estado, ela teria uma quantidade de advogados maior do que cinco ou seis estados da federação”, indica Fachin.
“Em um grupo de 9.500 advogados é preciso considerar que também haja pessoas inteligentes, preparadas, dedicadas à advocacia, que possam conduzir os destinos da subseção. Portanto, pensando nisso, fizemos uma ampla composição, deixando questões político-partidárias de lado, estamos voltados para a advocacia mas para todos os advogados independentemente da sua concepção ideológica, religiosa, nós queremos um trabalho voltado para os advogados e advogadas”, ele complementa.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.