Pesquisa aponta que agenda conservadora é rejeitada e boa parte dos governantes atua na contramão do que querem os eleitores
Três em cada quatro brasileiros confiam mais em professores do que em militares para dirigir escolas e educar seus filhos. Pesquisa coordenada pelas organizações Cenpec e Ação Educativa revela que 72% preferem a educação nas mãos dos educadores e não dos profissionais da guerra, indicando que boa parte dos governantes atua na contra mão do que querem os eleitores.
A militarização das escolas é uma das prioridades do governo Ratinho Júnior (PSD), mas a medida está longe de ser unanimidade entre os paranaenses, como mostra a pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Opinião Pública (Cesop/Unicamp) e Instituto Datafolha, divulgada essa semana.
Os resultados mostram a fragilidade da tese de que optar pela militarização de escolas, priorizando a disciplina, melhoraria a qualidade de ensino. Os eleitores apontam que a falta de investimentos nas escolas públicas (28%), a desvalorização dos professores (17%) e a falta de infraestrutura das escolas (12%) são os principais entraves da educação brasileira.
O ensino domiciliar, outro ponto da agenda conservadora, é rejeitado por 78% dos eleitores. Ratinho Júnior chegou a sancionar projeto de lei regulamentando o ensino domiciliar, apenas para atender à agenda bolsonarista, sem se preocupar com o que pensam os paranaenses.
Alvo permanente dos governos reacionários, a escola tem o reconhecimento de sua importância pela população, aponta a pesquisa. Para 99% das pessoas, frequentar a escola é importante para as crianças.
Embora 56% pensem que professores devam evitar falar de política em sala de aula, mais de 90% concordam que a escola precisa tratar de temas como pobreza e desigualdade social. Aproximadamente o mesmo percentual concorda que a escola pública deve respeitar todas as crenças religiosas, inclusive o candomblé e a umbanda.
O levantamento mostra que outros pontos da agenda conservadora, abraçada com fervor pelo governo Ratinho Júnior, estão decolados da realidade do eleitores. Segundo a pesquisa, por exemplo, 70% concordam que a educação sexual seja abordada no ambiente escolar. Mais de 90% concordam que debater o assunto em sala de aula ajuda a prevenir abusos contra crianças e adolescentes – 81% concordam que escolas devem promover o direito de as pessoas viverem plenamente sua sexualidade.
Fonte: APP – Sindicato