Saque de dinheiro das universidades impede pagamento de contas e prejudica os mais vulneráveis
Só agora, depois de três dias do anúncio do governo Jair Bolsonaro (PL), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) está conseguindo ter uma noção do desastre causado pela retirada de todo o dinheiro de suas contas. Depois de uma análise para saber o que precisa ser quitado e quais as fontes de recurso de cada pagamento, a conclusão é que quase tudo está a descoberto.
A lista do que não poderá ser pago inclui de tudo: de bolsas de estudantes a alimentos para os restaurantes universitários; da conta de luz à conta de água; dos terceirizados da limpeza até os contratos assumidos pela universidade antes de o ministro da Economia, Paulo Guedes, dar a ordem para que o dinheiro fosse saqueado.
A universidade diz que fará um esforço para manter pelo menos um dos restaurantes universitários de Curitiba operando. E também se comprometeu a manter uma linha de ônibus ligando os vários campi da capital.
“Os mais afetados são justamente os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica e os trabalhadores assalariados das empresas terceirizadas”, diz a universidade em carta aberta à população publicada no início da noite desta terça (6).
“A gestão da UFPR mantém o compromisso de assegurar o fornecimento de comida, em caráter de segurança alimentar, em um dos restaurantes universitários de Curitiba, para socorrer aqueles estudantes que deveriam ser atendidos pelo edital de Auxílio Refeição Emergencial, mantendo o princípio desta gestão em fazer todos os esforços para o apoio e manutenção dos estudantes mais vulneráveis”, disse o reitor Ricardo Marcelo Fonseca na carta.
Leia a íntegra da carta da UFPR:
CORTE DO GOVERNO FEDERAL INVIABILIZA PAGAMENTO DE BOLSAS, CONTRATOS E SERVIÇOS
À comunidade universitária e à sociedade brasileira,
Os cortes efetuados pelo governo federal colocaram todas as instituições federais de ensino superior (IFES) em uma situação gravíssima e dramática. A integralidade dos recursos foi subtraída das contas e hoje não há nenhuma condição financeira para a UFPR saldar, já neste mês de dezembro, as contas básicas de água, luz, contratos dos serviços essenciais de conservação, limpeza e segurança, bem como, o pagamento de bolsas, auxílios e o funcionamento dos restaurantes universitários.
A medida catastrófica da subtração total de recursos nas universidades federais atinge em cheio, com abandono e desassistência, as parcelas mais necessitadas, pois os mais afetados são justamente os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica e os trabalhadores assalariados das empresas terceirizadas. A situação se mostra crítica e grave.
Apesar deste corte financeiro impedir o pagamento do Auxílio Refeição Emergencial, previsto em edital pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, garante que: “a gestão da UFPR mantém o compromisso de assegurar o fornecimento de comida, em caráter de segurança alimentar, em um dos restaurantes universitários de Curitiba, para socorrer aqueles estudantes que deveriam ser atendidos pelo edital de Auxílio Refeição Emergencial, mantendo o princípio desta gestão em fazer todos os esforços para o apoio e manutenção dos estudantes mais vulneráveis”.
A Pró-reitoria de Administração (PRA) e a Central de Transportes (Centran), apesar dos cortes, irão manter disponível, em Curitiba, uma linha de ônibus Intercampi para levar os estudantes ao RU que ficar funcionando.
A Pró-reitora de Assuntos Estudantis, professora Maria Rita de Assis César, lembra ainda que nos demais campi avançados, fora de Curitiba, também tomaremos medidas de segurança alimentar, resguardando a especificidade das comunidades.
O reitor Ricardo Marcelo Fonseca, e também presidente da Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), salienta que “repudia veementemente a herança sinistra e calamitosa na Educação, Ciência e Tecnologia e Assistência Estudantil que passamos agora. A medida de saque adotada sobre as IFES, acontece justamente no período de aumento na arrecadação da máquina pública federal. O contraste entre aumento de arrecadação fiscal e o desamparo financeiro das instituições públicas de ensino federal, enquadra-se mais como uma falta de prioridades absoluta e descaso do governo, tanto com a Educação, como com a Ciência e Tecnologia e ainda mais, com a parcela que mais necessita e depende de auxílios para a manutenção de seus estudos.”
Fonte: Redação Plural