Jessicão, que é homossexual, diz que presença é um “risco à inocência” das crianças, e que evento é uma “falta de respeito” à família e à religião. Ativista diz que proposta da vereadora é “extremista” e só reforça o preconceito e a discriminação que os homossexuais precisam lidar diariamente
A vereadora Jessicão (PP) usou a sessão desta terça-feira (13) da Câmara Municipal de Londrina para anunciar a apresentação de um projeto de lei que visa proibir a participação de crianças e adolescentes nas próximas paradas LGBTQIA+ na cidade. Da tribuna, a parlamentar exibiu fotos de crianças em eventos semelhantes realizados em outras cidades e disse que a participação traz “risco à inocência” delas. A vereadora, que é homossexual, também afirmou que a parada, realizada com o objetivo de combater a homofobia e o preconceito e, ainda, fomentar o orgulho LGBTQIA+ entre os participantes, é um evento que falta com o respeito com os valores da família e da religião. Jessicão, conhecida por ser apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelas bandeiras conservadoras e de extrema direita, finalizou reiterando que a presença das crianças em um “ambiente impróprio e inadequado” é inaceitável.
A vereadora disse ainda que o Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) reservou cerca de R$ 40 mil para a realização de uma Parada LGBTQIA+ em Londrina no final deste ano, e que pretende aprovar o projeto no Legislativo antes disso.
Pelo projeto, o evento que descumprir a medida será multado em até R$ 10 mil por hora de “indevida exposição da criança ou adolescente ao ambiente impróprio, sem autorização judicial”. O auto de infração será inscrito como dívida ativa do município.
A CBN tentou contato com os organizadores da Parada LGBTQIA+ em Londrina, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. Nós também conversamos com Vinícius Bueno, que é produtor cultural e ativista da comunidade LGBTQIA+ na cidade. Ele disse que a proposta é extremista e segregacionista, e só reforça o preconceito e a discriminação que os homossexuais precisam lidar, uma vez que “demoniza” o evento representativo e de inclusão junto às crianças.
Além disso, conforme Bueno, a proibição resulta em um contrassenso social por parte dos conservadores, que, segundo ele, pedem liberdade para educar os filhos ao mesmo tempo em que apoiam uma lei que vai na contramão disso.
O projeto anunciado pela vereadora deve passar por análise nas comissões permanentes da Câmara e ir a votação em plenário, caso não seja considerada inconstitucional, em até 45 dias.
Fonte: CBN Londrina