Fatores como aumento do eleitorado e gratuidade do transporte público são motivos para maior presença às urnas
Nas eleições de 2022, o índice de votos válidos (excluídos brancos e nulos) aumentou em Londrina frente ao último pleito nacional, realizado em 2018. Neste ano, foram 309.272 votos, representando 95,8% do eleitorado na cidade. Há quatro anos, 286.584 londrinenses compareceram às urnas. O número equivale a 92,6% dos cidadãos que estavam aptos a votar.
O registro de votos brancos caiu de 6.678 (2,1%) em 2018 para 4.766 (1,4%) neste corrida. Já a marca de votos nulos recuou de 16.002 (5,1%) para 8.541 (2,6%) no mesmo período. Em esfera nacional, segundo informações disseminadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quase 125 milhões de eleitores exerceram seu direito ao voto neste ano. O número corresponde a 79,4% do eleitorado e é o menor índice de abstenção do segundo turno em relação ao primeiro turno, pela primeira vez nas últimas cinco eleições.
Entre as explicações para maior participação dos londrinenses no processo eleitoral está o crescimento do eleitorado. Ainda de acordo com dados do TSE, em 2022, Londrina contou com 388.379 eleitores. Em 2018, o contingente era de 372.464 eleitores, ou seja, um crescimento de 4,2%. O eleitorado jovem saltou em proporção acima da média das demais faixas etárias. Na disputa deste ano, 3.069 adolescentes entre 16 e 17 anos solicitaram o título de eleitor. Nas últimas eleições majoritárias, eram 1.607 votantes nesta faixa etária, isto é, aumento de 90,4%.
Felipe Avellar, cientista político, pondera que, além da ampliação do eleitorado, as eleições de 2022, sobretudo, na disputa presidencial, foram extremamente acirradas e grande parte dos eleitores definiu sua escolha mais cedo e sem intenção de alterá-la, visto que os dois candidatos que lideraram as intenções de voto, Luiz Inácio Lula da Silva, representante do Partido dos Trabalhadores (PT) e Jair Messias Bolsonaro, filiado ao Partido Liberal (PL), dialogam com espectros ideológicos muito diferentes da sociedade.
“O presidente Lula foi escolhido por mais de 60 milhões de brasileiros, tornando-se o candidato à Presidência [da República] mais votado na história do Brasil. Mas Bolsonaro não teve uma votação pequena, foram mais de 58 milhões de votos, número maior do que recebeu em 2018. Além disso, os dois mobilizam segmentos sociais divergentes de modo que é muito difícil que um eleitor do presidente Lula venha votar em Bolsonaro e vice-versa. Este dado foi evidenciado por pesquisas de intenções de voto que já demonstraram um ‘voto decidido’ já no início da campanha”, explica.
O pesquisador pontua, ainda, que outro fator que pode ter contribuído para maior adesão ao processo eleitoral foi a oferta de transporte público gratuito. Levantamento do TSE, publicizado na última sexta-feira (4), indica que os níveis de abstenção caíram de forma mais acentuada em municípios que ofereceram isenção da tarifa. A queda chega a 0,6 ponto.
“Historicamente, o segundo turno tende a apresentar maior ausência de eleitores. Mas a garantia de transporte público gratuito para que a população exerça o direito ao voto, entendimento reafirmado pelo STF [Supremo Tribunal Federal] parece ter contribuído também para que mais eleitores comparecessem às urnas, principalmente, se considerarmos que este serviço oportuniza que parcelas mais vulneráveis pudessem ir até seus locais de votação”, avalia.