O Colégio está na relação de unidades selecionadas para aderir ao modelo cívico-militar
Adriana Barros Muniz, 49 anos, tem um sonho: terminar o ensino médio e fazer um técnico de Enfermagem para trabalhar como cuidadora de idosos.
Seu sonho, no entanto, pode acabar nos próximos dias e a responsabilidade será de quem deveria assegurar seu acesso à educação; o governo do estado.
Ela frequenta a Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio João Paulo II. No último dia 8 de novembro, a comunidade da escola localizada no Xaxim recebeu a notícia do fechamento da modalidade.
Poucos dias depois, veio a confirmação de que a unidade também passará por consulta para se tornar cívico-militar. Escolas militarizadas perdem o turno noturno e a EJA.
Adriana completou o ensino fundamental e estava cursando o ensino médio na unidade. Com a mudança, a aluna precisará abandonar a formação.
“Foi triste (receber a notícia), porque o colégio João Paulo II fica atrás da minha casa, não preciso pegar ônibus e nem corro perigo. Agora não vou conseguir terminar o ensino médio, porque esse é o único colégio mais próximo. Os outros são longe, dependo de pegar ônibus e não tenho condições, além de colocar minha vida em risco”, lamenta a estudante.
Adriana explica que a comunidade do Xaxim não gostou da proposta de mudança da Seed, já que muitos pais têm filhos que trabalham e estudam à noite.
“Tem muitas pessoas que querem voltar a estudar, já que é difícil conseguir um emprego hoje sem ter o ensino médio”, conta a estudante.
De próprio punho, ela escreveu uma carta à APP, suplicando: “a mensagem que deixo é implorar para que não feche a EJA. (…) Chegamos no colégio à noite e nos alegramos só de estar lá para aprender aquilo que a gente esqueceu quando éramos crianças”.
Desmonte
Em Curitiba, além do João Paulo II, estão na mira da Seed os colégios Padre João Wislinski (Santa Cândida), Máximo Atílio Asinelli (Uberaba) e Maria Balbina Costa Dias (Tarumã).
Os colégios Euzébio da Mota (Boqueirão), Júlio Mesquita (Jardim das Américas), Isolda Schmid (Hauer), Manoel Ribas (Prado Velho) e Isabel Lopes Santos Souza (Pinheirinho) completam a relação.
A redução de escolas que disponibilizam EJA contrasta com a situação do estado no mais recente levantamento do IBGE sobre analfabetismo. O Paraná tem 365 mil pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler ou escrever, o maior número entre os estados da região sul.
Ensino noturno
A APP-Sindicato também tem recebido relatos sobre o encerramento de turmas do ensino noturno, fato que pode atingir os(as) estudantes que mais precisam da escola pública; aqueles(as) que trabalham durante o dia e não têm condições de frequentar outro turno.
Educação é um direito da sociedade e um dever do Estado, que tem a obrigação constitucional de garantir o acesso e a permanência a todos(as). Por isso, a APP preparou algumas orientações para ajudar a comunidade escolar a se organizar e defender esse direito. Confira abaixo.
Se a sua escola está sob ataque, saiba como resistir:
Organize a sua escola
Convoque toda a comunidade escolar, o grêmio estudantil e, se possível, lideranças e políticos(as) locais para uma reunião. Debata os prejuízos do fechamento e faça uma ata com a decisão da comunidade. Utilize dados e informações que justifiquem a permanência do período noturno. Colete a assinatura de todos(as) os presentes.
Faça-se ouvir
Organize um abaixo-assinado a partir da ata para que todos(as) possam manifestar apoio. Organize uma comissão e leve o documento ao Núcleo Regional de Educação, Ministério Público, Prefeitura, Câmara, Conselho Tutelar e outros órgãos. Acione a imprensa local e faça barulho nas redes sociais.
Conte com a APP
Procure o Núcleo Sindical da APP-Sindicato da sua região. Envie informações e a ata para APP estadual pelo e-mail educacional@app.com.br. Nas redes sociais, marque a gente: @appsindicato
Fonte: APP-Sindicato