Sindicato solicitou contato da vítima junto à direção do Hospital, mas chefias não informaram. De acordo com diretoria, caso está sendo apurado mediante ritos institucionais da UEL
O Hospital Universitário (HU), vinculado a Universidade Estadual de Londrina (UEL), informou que está averiguando denúncia de agressão contra uma enfermeira. Segundo relato, um médico residente teria chutado a profissional, cuja contratação foi realizada por processo seletivo simplificado, em uma das salas do centro cirúrgico na última sexta-feira (3). As identidades dos envolvidos não foram divulgadas e nem mais detalhes sobre a violência.
Marcelo Seabra, presidente do Sindicato dos Técnicos-Administrativos da UEL (ASSUEL), contou que, o coletivo ficou sabendo do caso na segunda-feira (6) e imediatamente entrou em contato com a Superintendente do HU, Vivian Feijó, a fim de obter mais informações. “Nós a questionamos sobre os procedimentos tomados. Ela disse que foi aberta uma sindicância e eles, tanto agressor como vítima, teriam 48 horas para se manifestarem. Também nos disse que a enfermeira abriu um boletim de ocorrência, ou seja, foi até a polícia e comunicou o fato”, explica.
De acordo com Seabra, o Sindicato solicitou à direção do HU o contato da enfermeira com o intuito de acompanhá-la no processo de investigação e prestar assessoramento jurídico, mas a diretoria não forneceu o número.
“Nós colocamos a nossa assessoria jurídica à disposição da enfermeira para que ela possa tomar as providências devidas e pedimos também que a Vivian [Feijó] nos fornecesse o telefone para que entrássemos em contato com ela. No entanto, a Vivian não quis nos passar o número e pediu para que falássemos com a Diretora de Enfermagem, Iara [Secco]. Nós fomos até o HU, conversamos com ela [Iara] que relatou a mesma situação, ou seja, abertura de sindicância, mas não quis repassar para nós o telefone da enfermeira. Então, entreguei um cartão nosso, do Sindicato e pedi para que ela entrasse em contato, caso tenha interesse, para que a gente possa dar este atendimento”, complementa.
Contudo, a liderança pontua a importância do registro junto à delegacia a fim de que a violência seja investigada. Ele indica também que, se a agressão for constatada, poderá resultar na expulsão da UEL, em caso de estudante, e demissão da equipe.
“Algo importante foi ela ter aberto um boletim de ocorrência para que não passe impune, mesmo que a sindicância não resulte em nada. Se a UEL entender que a agressão de fato ocorreu, isto poderá ser transformado em um processo administrativo resultando, inclusive, na expulsão se for aluno, em exoneração, caso seja servidor público ou desligamento do quadro de funcionários, se for contratado em outra modalidade”, observa.
Em nota, o HU declarou que, ontem, uma reunião foi realizada entre a Diretoria Clínica e o Chefe Médico Preceptor da Especialidade de Urologia para apuração dos fatos. A Procuradoria Jurídica da UEL também está investigando o ocorrido. As Instituições também indicaram que repudiam quaisquer atos de violência. Ainda, segundo Seabra, a ASSUEL permanece acompanhando o caso e à disposição da enfermeira para assistência legal.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.