A contratação de novos policiais civis é vista como um avanço histórico para categoria pelo Governo do Paraná. Mesmo assim, o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) reforça que o número ainda é considerado baixo, se avaliada a defasagem do setor.
No último dia 4 de agosto, 225 servidores tomaram posse, sendo 44 delegados, 156 agentes de polícia judiciária e 25 papiloscopistas aprovados em concursos públicos realizados em 2018 e 2020. Eles se somam aos 424 policiais que ingressaram no fim de 2022 (150 delegados, 200 policiais, 50 papiloscopistas e 24 escrivães).
“Esse ingresso foi fundamental em razão da questão do severo déficit de policiais civis que nós tínhamos no quadro. Foi o maior chamamento na história da Polícia Civil, principalmente de delegados. Com isso, todas as comarcas do estado do Paraná, que estavam sem delegados há décadas, foram ocupadas. Havia um sistema de Justiça no município, que era o Judiciário e o Ministério Público, mas o delegado era de outra cidade, porque não ficava lotado naquela unidade por não ter esse recurso humano”, considerou o delegado Fabio Amaro, presidente da Comissão de Concurso.
Os novos policiais estão na etapa de treinamento do Curso de Formação na Escola Superior da Polícia Civil, antes que possam assumir as funções em delegacias pelo estado. A expectativa é que em dezembro eles já estejam atuando.
“É um chamamento extremamente relevante. Esse pessoal será distribuído em todas as regiões do estado. O interesse do Departamento da Polícia Civil é sempre avançar. Com essa força de trabalho, a gente acredita que os procedimentos inerentes a nossa atividade acabam se aprimorando, melhorando e acelerando os trâmites do inquéritos policiais, das investigações de maior complexidade e aumento nas operações. A gente estava com um quadro combalido então esses profissionais vão contribuir significativamente para melhoria da segurança pública do Paraná”, analisou Amaro.
Os profissionais foram aprovados em um concurso tido como o mais concorrido da Polícia Civil do Paraná, com 106 mil inscritos.
A presidente do Sinclapol, Valquíria Gil Tisque, disse em entrevista que a classe fica feliz com a posse de novos prossionais, mas ponderou que isso não resolve as demandas da categoria e nem da segurança pública.
“É uma grande satisfação ter novos profissionais sendo empossados e assumindo suas funções, mas ainda é um número pequeno em relação ao déficit que existe hoje de policiais civis no estado do Paraná. Nós temos menos de 50% do efetivo, já que a população aumentou significativamente. Mas é um efetivo que os quadros preveem em uma avaliação de décadas atrás”, avaliou.
Tisque ressaltou que muitas delegacias ainda carecem de equipe e isso faz com que policiais tenham que trabalhar além do limite.
“Nós temos hoje várias delegacias de polícia que em plantões e situações de emergências, por exemplo, há profissionais sozinhos. E é quase impossível um policial sozinho atender a vítima, atender o autor do crime, atender os colegas policiais militares e ainda produzir todos os documentos que compõem o flagrante […] A falta de efetivo faz com que existam escalas abusivas, escalas onde os policiais não conseguem ter a respectiva folga que prevê a lei. A nossa carga horária de trabalho tem sido muito além do que nos compete. Então, realmente, a falta de efetivo prejudica muito as investigações policiais, prejudica muito desenvolver da solução dos crimes”, reforçou.
Existe a expectativa do Estado para novas nomeações, porém isso ainda não tem data definida. Conforme o delegado Fabio Amaro, além dos que já foram nomeados, a Secretaria de Segurança Pública criou um cadastro de reserva.
“Existe no nosso plano estratégico, um plano de reposição permanente. O que é esse plano? Assim que o servidor sai por exoneração ou qualquer outro motivo, a gente garante que essa vaga seja reposta. Para conseguir repor essa vaga, temos que deixar o cadastro de aprovados. Esse concurso tem validade de dois anos, prorrogáveis por mais dois. Acreditamos que ao longo desse período a gente consiga fazer um chamamento maior de aprovados”, explicou.
Fonte: Folha de Londrina