Segundo CMTU, reajuste representa diferença nos custos da empresa para manter o serviço; medida não interfere na passagem para usuários
A Prefeitura de Londrina aumentou – via decreto – o valor da tarifa técnica (que representa o valor real dos custos) que é paga a TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) por passageiro em 3,40%, passando de R$ 6,74 para R$ 6,96. O município justifica a atualização em razão da lei 13.440, aprovada em janeiro do ano passado pela Câmara de Vereadores, que autorizou o poder público londrinense a bancar de forma integral a passagem de pessoas vulneráveis economicamente, como deficientes, idosos e aposentados por invalidez.
Ante da mudança na legislação, o valor era rateado entre todos os passageiros, o que representava, no começo de 2022, um montante de R$ 0,25 a mais na tarifa paga por cada usuário. “Esta lei determina que a prefeitura arca com o custeio da diferença paga pelo usuário e o custeio efetivo do sistema. Fazemos o acompanhamento do custo mensalmente”, afirmou Marcelo Cortez, presidente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização).
Segundo Cortez, o setor técnico da companhia identificou que houve um crescimento nos gastos do serviço executado pela TCGL, que é detentora do lote um do transporte coletivo, o que corresponde a 65% das linhas. “O que estamos fazendo é simplesmente um ato administrativo, fazendo o remanejamento de forma com que o custeio fique de acordo com o que é gasto no dia a dia com o sistema”, argumentou.
Os R$ 0,22 que a empresa vai ganhar a mais a partir de agora não será repassada aos passageiros, ou seja, a tarifa vai continuar custando R$ 4,80 até o final do ano, quando normalmente é feito o cálculo para atualizar ou não o preço cobrado para usar o coletivo. “Neste momento verificou-se que o custo do lote teve um acréscimo e não passaremos ao usuário. Para o usuário não muda nada”, garantiu.
Repasses milionários
O presidente da CMTU não informou qual será o impacto financeiro da nova tarifa técnica e ponderou que houve queda no número de passageiros durante a pandemia de Covid-19, período em que também houve crescimento no preço dos insumos. “Antigamente a tarifa cobria esses custos, hoje ela não cobre mais. Repassar o valor de R$ 6,96 para o usuário não se mostra razoável”, destacou. A diferença para a Londrisul ainda está sendo analisada.
Somente no primeiro quadrimestre deste ano as duas concessionárias de transporte coletivo receberam cerca de R$ 33 milhões da prefeitura para ajudar a cobrir o déficit que é apontado para a manutenção do serviço. A TCGL foi contemplada com R$ 26,7 milhões deste recurso – sendo R$ 11 milhões referente ao reequilíbrio econômico de 2021 – e a Londrisul obteve R$ 6,2 milhões.
A reportagem procurou a TCGL para comentar sobre a atualização da tarifa técnica, mas a empresa disse que não irá se pronunciar.
Fonte: Portal Bonde