Incêndio no Aparecidinha compromete salários de trabalhadores informais neste início de ano
Pelo menos nove famílias da ocupação Aparecidinha (zona norte de Londrina) ficaram sem renda neste início de ano devido a um incêndio no material reciclado que recolhem e comercializam.
Normalmente, esses trabalhadores vendem uma vez por semana tudo que coletam e separam. Mas, devido ao recesso de final de ano na indústria de reciclagem, eles acumularam material por quase um mês. Tudo foi destruído pelo incêndio ocorrido no último dia 8.
Atuando na informalidade, sem nenhum apoio do poder público, os trabalhadores queimam a parte do material que não pode ser reciclado. “Estava ventando um pouco. Creio que uma chama acabou chegando no reciclável e pegou fogo em tudo”, conta a trabalhadora Adriana Aparecida dos Santos.
Quem quiser ajudar os trabalhadores do Aparecidinha pode fazer um pix para o CNPJ 50572959000170, em nome da MEI Competitiva.
Praticamente todas as famílias do Aparecidinha têm renda garantida pela reciclagem. Algumas, que conseguem comprar caminhão para recolher o material nas ruas da cidade, tornam-se donas do negócio. Esses empreendedores geram postos de trabalho informais para outras famílias.
É o caso de Adriana. Ela é funcionária de Jéssica de Fátima Lúcio, cujo marido é um Microempreendedor Individual (MEI), possui um pequeno caminhão e é autorizado pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) para fazer a coleta seletiva.
Outro que trabalha para Jéssica é Jamir Silveira. “O material de três semanas estava todo amarrado. No dia seguinte, seria enviado para a empresa que recicla. Mas o fogo acabou com tudo”, conta ele.
Elisabeth Gimenes Rodrigues também é trabalhadora da reciclagem. Ela desabafa: “O dia que nós vimos isso aqui pegar fogo, nosso mundo caiu, porque de onde nós vamos tirar dinheiro para comprar o leite?”
Em média, cada trabalhador esperava receber cerca de R$ 600 com a separação do material que incendiou.
Prejuízo
Jéssica, a dona da reciclagem, diz que o prejuízo total foi de cerca de R$ 9 mil, contando o material que foi queimado e o estrago ocorrido numa caçamba pertencente à empresa recicladora. “Estava sob minha responsabilidade, então eu tenho de pagar”, alega.
Por meio de uma campanha feita pela Rede Massa de Televisão, ela conseguiu um pouco mais de R$ 3 mil, dinheiro que ajuda a pagar os funcionários. “Tenho dívidas de peças do caminhão e do estrago da caçamba, mas minha prioridade são as pessoas que trabalham comigo.”
De acordo com Jéssica, que tem a reciclagem há oito anos, o poder público não apoia a atividade. “Somente agora a Prefeitura disse que vai passar a recolher o material que não serve porque a lei proíbe a gente de queimar”, alega.
Ela explica que, quando começou a trabalhar coletando material com o marido nas ruas da cidade, eles eram “clandestinos”. “Aos poucos fomos conquistando o pessoal dos condomínios. A gente nunca deixa de ir no dia certo. As cooperativas que trabalham nesses lugares nem sempre são comprometidas como a gente”, alega.
Depois de muito trabalho, segundo Jéssica, o casal conseguiu comprar um caminhão e obteve a licença da Prefeitura para realizar o trabalho. O desafio agora é construir um barracão. “A gente tem três anos para fazer isso.”
Fonte: Rede Lume