Reportagem de TV classificou presença de pessoas em situação de rua como ameaça a fieis e pároco da Catedral falou em “medo” e “insegurança”
Após tomar conhecimento de reportagem de uma emissora de TV sobre a presença de pessoas em situação de rua na Catedral de Londrina, o Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos das Populações em Situação de Rua e Catadora de Materiais Recicláveis (CEDDH PR) e o Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) solicitaram diálogo com a Arquidiocese. A reportagem classifica a presença de “andarilhos” durante as celebrações como um risco aos fieis e a fala foi endossada pelo pároco Joel Ribeiro:
“Gera medo, gera insegurança, mesmo porque, não sei a situação que ela está…questão da droga…pode gerar violência também. É uma realidade que estamos enfrentando e a gente tem que logo resolver como a gente encaminha”, disse o padre à emissora.
Leonildo Monteiro, coordenador geral do CEDDH e do MNPR, classifica a situação como “higienista” e aporofóbica, ou seja, que resulta de ódio aos pobres. “Por essa razão manifestamos nossa indignação com essa fala do Padre. Porém, estamos abertos para um diálogo, para podemos fazer uma formação para eles sobre a PSR e a política nacional da PSR, decreto 7053“, explica. O decreto citado, de 2009, instituiu a Política Nacional para a População em Situação de Rua.
Leia o ofício completo: Oficio CEDDH_PR
Consenso
No ofício encaminhado à Arquidiocese, o CEDDH defende que a presença dessas pessoas, “muitas vezes marginalizadas e invisibilizadas, deve ser tratada com um olhar inclusivo, respeitoso e comprometido com os princípios da justiça social, conforme orientações pastorais da própria Igreja Católica”.
“É urgente que se promovam ações de acolhimento, diálogo e assistência, que não só garantam a segurança dos frequentadores da Catedral, mas também possibilitem que aqueles em situação de vulnerabilidade possam receber suporte adequado para sua reintegração social.”
A superação da situação exige, na visão do CEDDH, parceria “entre a sociedade civil, as instituições religiosas e o poder público” e “é possível desenvolver estratégias que atendam tanto às
necessidades dos fiéis quanto à dignidade e assistência das pessoas em situação de rua”.
Até a tarde desta segunda-feira, o Arcebispo Metropolitano de Londrina, Dom Geremias Steinmetz, não havia recebido o ofício e tomou conhecimento de seu conteúdo após ser questionado pela reportagem. De acordo com a assessoria da Arquidiocese, ele e o pároco farão contato com o CEDDH para encaminhar conversas.
O Movimento Nacional da População de Rua conta com representante em Londrina e existe desde 2005.
De: Cecília França
Fonte: Rede Lume