Projeto cultural mobiliza territórios periféricos por meio da cultura hip hop em Londrina
“A cultura e a educação são pra gente como um colete à prova de balas.” Esta é uma das definições do produtor cultural, bibliotecário e rapper londrinense Leandro Palmerah. Há décadas ele descobriu na cultura hip hop, especialmente no rap, uma forma de transformar vidas. Hoje bibliotecário, contribui com suas biblitoecas comunitárias e outros projetos para que a cultura chegue aos territórios mais vulnerabilizados de Londrina.
No próximo fim de semana acontece mais um desses eventos, o Capstyle na Quebrada, uma parceria entre ele o Coletivo Capstyle de grafiteiros. Durante o sábado e o domingo, 19 e 20 de outubro, a ocupação Nossa Senhora da Aparecida, conhecida como Aparecidinha, no São Jorge, vai receber atividades artisticas.
“As ações culturais na comunidade são ações provocativas, porque vêm para expressar a arte em locais de situação de vunerabilidade social . A arte nesse espaço ela mobiliza, engrandece e insere a comunidade em movimentos artísticos e sociais. Essas ações reverberam no contexto da cidade e também transmitem uma troca de conhecimento”, explica Leandro.
No sábado, às 9h, o evento começa com oficina de grafiti com Kenia Kuriki; Já às 9h30, tem discotecagem com o DJ Damião Milianos e às 10h, o início da grafitagem.
No domingo a grafitagem começa mais cedo, às 9h. E a programação segue a tarde, com salão de beleza da Adriana Jenani, às 14h, Cwalk Passo para o Futuro às 15h e apresentação do Palhaço Arnica às 16h.
Para Leandro, o objetivo do evento também é mostrar o grafite como parte da cultura hip hop, que possibilita formas de expressão e revolta contra as injustiças do mundo. “A cultura e a educação são pra gente como um colete à prova de balas, e a gente chega nesses espaços para reafirmar isso”, afirma.
Visibilidade pra quebrada
O CapStyle na Quebrada quer estar nos espaços onde o Estado não se faz presente para dar visibilidade à vida dos moradores.
“O Estado não estando presente atrapalha muito o desenvolvimento desse território, de uma favela. O espaço não tem nem endereço pra pedir uma pizza, um remédio. Se tá chovendo não entra uma ambulância pra fazer um atendimento. É um espaço insivível. E levando esse projeto, essa arte, a gente faz essa quebra de invisibilidade”.
A cultura hip hop, diz Leandro, ajuda a ressignificar sentimentos como a raiva gerada por viver de forma precária.
“Como a gente fala na questão do hip hop é que a gente usa essa energia, essa agressividade que a gente tem – porque a gente aprende isso num ambiente hostil como esse – e acaba sendo produtivo. Como diz no livro da Roberta Estrela D’Alva, é a força tectônica, a força do terremoto, que vem de baixo pra cima, então essa é a força do hip hop”, define.
Serviço: CapStyle na Quebrada
Data: 19 e 20 de outubro
Local: Assentamento Nossa Senhora Aparecida – Zona Norte
Fonte: Rede Lume de Jornalistas