As crianças do Assentamento Eli Vive, na região rural de Londrina, não conseguiram voltar às aulas na Escola Municipal Trabalho e Saber devido às condições precárias das estradas, agravadas pelas fortes chuvas dos últimos dias. O transporte escolar não tem conseguido acessar o assentamento, deixando as crianças sem poder estudar.
sabela Cunha, do setor de comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PR), destacou que o problema das estradas é antigo e, apesar de algumas licitações em andamento, os processos são demorados, prejudicando diretamente os estudantes. A líder comunitária Sandra Ferrer ressaltou a urgência de uma solução temporária para garantir o direito de ir e vir das famílias. Ela reforça que a falta de manutenção das estradas afeta não apenas o transporte escolar, mas também o escoamento da produção agrícola e o acesso a serviços de saúde. “As famílias ficam limitadas, a gente não consegue sair dos lotes, a gente precisa que o prefeito do município de Londrina nos inclua nesse plano emergencial e também venham fazer essa manutenção dos nossos carreadores, dando um mínimo de dignidade, pelo menos nesse primeiro momento, para que as crianças possam voltar às aulas com dignidade”, explicou Sandra.
Histórico do Assentamento Eli Vive
Homologado em 19 de fevereiro de 2009, o Assentamento Eli Vive é a maior área de reforma agrária em uma região metropolitana do Brasil. Atualmente, cerca de 3 mil moradores vivem na área de 7,5 mil hectares, divididos em 501 famílias.
Segundo Isabela Cunha, a comunidade vem se desenvolvendo ao longo dos anos, investindo na Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), criada em 2015. A produção agrícola é diversificada, incluindo hortifruti, feijões e derivados de milho não transgênico, além do cuidado com reservas agroecológicas e nascentes. O assentamento foi batizado em homenagem a Eli Dalle Molle, militante do MST assassinado em 2008. O nome simboliza a continuidade da luta por justiça e terra para quem vive da agricultura.
Posição da Prefeitura
A Prefeitura de Londrina informou, por meio de nota, que o decreto de situação de emergência já contempla uma lista de 17 estradas rurais em situação crítica, elaborada pela Diretoria de Desenvolvimento Rural. Outras estradas também deverão ser atendidas com manutenção.
No entanto, a licitação em andamento para as obras está na fase de habilitação e ainda não tem empresa vencedora. O processo é para contratação de projetos de drenagem e readequação das estradas, não para a execução das obras. A licitação já convocou cinco empresas, das quais quatro foram inabilitadas. Há ainda outras 14 empresas no processo.
O prefeito Tiago Amaral se reuniu com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná para tratar sobre a necessidade de firmar novos convênios para manutenção das estradas rurais. A proposta é elaborar um estudo abrangente para readequação das estradas sem asfaltamento, incluindo nivelamento, drenagem e aplicação de cascalho, com possibilidade futura de pavimentação com blocos sextavados ou Tratamento Superficial Triplo (TST).
Fonte: Paiquerê FM