A ‘Questão Palestina’, enquanto herança do pós-guerra, na senda da orientação do Alto Comissariado da ONU (Resolução 181, de 1947) para a criação de dois estados independentes (um árabe outro judeu – Palestina e Israel) em polo de convívio com a internacionalização de Jerusalém, vem sendo debatida nas mídias sociais e na imprensa tradicional brasileira, na esteira do ataque criminoso do hamas aos civis de Israel. A imprensa familiar brasileira (mesquita + frias + civita + marinho) tem forte tendência em servir ao interesse estadunidense, ao qual se alinha das mais diversas maneiras.
Isso nunca foi segredo e só faço remissão para lembrar o quanto a democracia precisa de mídias independentes. Há uma piada clássica que bem ilustra a posição (de lado definido e preconceituosa) da mídia familiar brasileira. A ela pois, e sem mais delongas… O Papa ligou à Lula dizendo querer conhecer ‘in loco’ o rio Amazonas. Imediatamente o Presidente organizou um passeio sobre o rio mar a bordo de uma chalana, na presença da imprensa de todo o mundo. Em meio à navegação, um vento forte carregou o solidéu do Santo Padre lançando-o ao rio.
Houve uma comoção geral. Lula, no ponto, pediu calma, abriu uma porta que separava o convés da água e, caminhando sobre o rio, recolheu o barrete, devolvendo-o ao Papa. Flashes e manchetes de todo jornal destacaram o feito. A imprensa tupiniquim, inclusive, elegeu a mesma manchete para noticiá-lo – ‘Lula não sabe nadar’.
Joe Biden, de sua parte e feito todo presidente estadunidense, é exímio nadador quando se tratam dos meandros geopolíticos, em alta desde a derrocada do muro de Berlin, marco histórico da pluralização da polarização do mundo, com a emergência de novos players – China e Índia principalmente. Assim é que cada espaço comercial é válido na disputa pela mais valia nossa de cada dia, naquilo que o grande capital disputa clientes (em qualquer setor), fidelizando quem consome seus bens e produtos…
Dentre os mais diversificados negócios, pontificam os interesses da indústria armamentista de tio san. Via de consequência, país que adota política beligerante é parceiro comercial estadunidense – ou você, meu leitor incauto, acreditou mesmo que fabricar armas alimenta nossa segurança individual e fortalece as liberdades? Noves fora as parcerias comerciais estadunidenses, a ‘questão Palestina’ não se resolverá enquanto o interesse armamentista norte americano tiver, nos governos de extrema direita de Israel (o que me soa absurdamente deletério cultural da história do povo judaico, haja vista o holocausto que lhes vitimou em mais de seis milhões, sob o jugo de um regime de extrema direita – nazismo), um fiel e assíduo comprador de armamentos.
Veja que o pós-guerra desaguando na Resolução 181 da ONU, remonta a 1947 e, de lá para cá, se você já teve a curiosidade de olhar um mapa da Palestina, verá que ano após ano Israel avança o seu território sobre as terras dos Palestinos, enquanto o mundo assiste calado esse massacre expansionista. Uma questão para você que me lê por este Portal progressista: advinha quem arma Israel para viabilizar seu expansionismo?
Trato do tema porque a multipolaridade da nova ordem mundial reclama uma atenção ainda maior quando o mass media entra no jogo, à serviço de seus patrões, tentando camuflar o que acontece ao redor do mundo – bem lembrado que a terra não é plana desde que Eratóstenes (200 antes de Cristo) esclareceu e demonstrou a circunferência que resolve o debate. Assim, quando o interesse econômico é a pauta e este vem estabelecendo a notícia e seu alcance (lembram do solidéu do santo Padre que o vento levou?), a prudência manda olhar as entrelinhas e, principalmente, conhecer a história.
Nessa medida, se as manchetes estabelecem o interesse econômico que os jornalões sustentam, em deletério cultural da história e dos fatos, criando o império das narrativas, apenas o conhecimento nos protegerá do lugar para onde a imprensa da mais valia quer nos conduzir. Deveras, desconfiem de narrativas pejorativas na cobertura de situações extraordinárias, como, por exemplo, um homem caminhando sobre as águas, naquilo que o fato dele saber ou não nadar, jamais será importante para a formação de nosso convencimento. Se nós outros entrarmos por esta porta, será ainda mais difícil separar o fato histórico do boato histérico, ainda que aquele esteja dessumido em livros e guardado nas memórias de quem se ocupa de fazer valer seu tempo terreno e este outro não vá além de um interesse de aluguel.
Com as escusas memoráveis de minhas putas passadas, essa espécie de prostituição da história enviesa a prosa e só serve a quem não tem intenção ou cuidado em seguir pela vida considerando o outro. Há um discurso pronto à venda e ele libera o interesse econômico das mídias de aluguel (falha de SP + revista veja + estadão + o globo), conjugando sempre sua narrativa em polo de convívio com o interesse econômico de seu parceiro – tio san… Nessa medida, qualquer narrativa crítica ao ataque do hamas não se sustenta se não suscitada em polo de conflito com a ‘Questão Palestina’, naquilo que é esse o seu verdadeiro vetor.
Deveras, somente quem é desprovido de caráter (característica histórica da imprensa familiar brasileira) ousa escrever sobre o que passou com o ataque criminoso do hamas, sem abordar a ‘Questão Palestina’ em si. Estabelecida a força motriz de nossa imprensa familiar, entendam que o crime praticado pelo hamas ao atacar civis em Israel, sob nenhuma hipótese autoriza a resposta criminosa do governo de extrema direita de Israel – e aqui estão passando pano para netanyaho, na tentativa de justificar o injustificável, suposto que o terrorismo praticado pelo hamas não legitima o terrorismo de benjamin.
Falou mais alto o interesse comercial estadunidense, à mingua da extraordinária manifestação de muitos Judeus no Congresso norte americano, que lá foram protestar contra o massacre do governo de extrema direita de netanyaho aos Palestinos, erguendo uma faixa com a inscrição ‘não em meu nome’! Tristes trópicos. Mais triste ainda parece ser o destino do povo Palestino, abandonado pelo mundo na reiteração dos vetos estadunidenses na ONU, a cada novo reclamo contra o expansionismo dos governos de extrema direita de Israel.
Saudade Pai!
João dos Santos Gomes Filho para o Canto do Locco
João Locco
João dos Santos Gomes Filho, mais conhecido pelo apelido João Locco. Advogado, corintiano, com interesse extraordinário em conhecer mais a alma e menos a calma.