Reuniões acontecem no campus e HU. Entre as pautas estão o pagamento da data-base e organização de ato face a negligência do governo com as demandas apresentadas pelos servidores
Docentes da UEL (Universidade Estadual de Londrina) foram convocados para assembleia nesta quinta-feira (02). O encontro ocorre no anfiteatro maior do Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH) a partir das 14h. De acordo com Ronaldo Gaspar, docente do Departamento de Ciências Sociais e diretor do SindiprolAduel – Seção Sindical do Andes-SN, a finalidade da reunião é repassar à categoria informações sobre as seguintes pautas: campanha salarial, contrato de trabalho temporário, carreira docente e LGU (Lei Geral das Universidades).
Além disso, será debatido a realização de um ato no próximo dia 15 de março. O protesto surge devido o silenciamento do governador Ratinho Júnior (PSD) mediante às reivindicações apresentadas pelos servidores no estado. “O governo não demonstra disposição em pagar o que nos é devido e nem sinaliza pela abertura de negociações”, indica.
Conforme demonstrado pelo Portal Verdade, em fevereiro, representantes das mais de 20 associações que compõem o Fórum das Entidades Sindicais (FES) entregaram ao Palácio do Iguaçu, documento com as demandas do funcionalismo público. Sem reajuste desde 2016, os servidores estaduais acumulam perdas salariais de 42%, ou seja, perdem, em média, cinco salários por ano.
As solicitações, que envolvem pagamento da data-base, mudanças na contribuição de aposentados e pensionistas ao ParanáPrevidência, aumentando a isenção para seis salários-mínimos, melhorias no Sistema de Assistência à Saúde (SAS) e abertura de concursos públicos foram encaminhadas à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), mas até o momento, nenhuma proposta e canal para diálogo foram dispostos aos trabalhadores (relembre aqui).
“A mesa de negociações não foi instaurada. Há apenas uma promessa do líder do governo, Hussein Bakri, de que isso ocorrerá na próxima semana. Seria nesta semana corrente, mas não foi agendada”, explica Gaspar.
A liderança também destaca a situação dos docentes temporários submetidos à condições de trabalho ainda mais precarizadas. Levantamento realizado pelo SINDIPROL/ADUEL, identificou que, no primeiro semestre de 2022, dos 1.633 professores ativos na Universidade, 428 possuíam vínculo temporário, ou seja, 26,2%. O estudo revelou, ainda, que quase metade (40,9%) dos professores temporários afirmaram que tem carga de trabalho semanal para além do estabelecido em contrato (saiba mais).
“Com as aposentadorias e a não realização de concursos, o quadro [de professores temporários] está aumentando. Pela falta de continuidade do trabalho e pela dificuldade do docente em dedicar-se exclusivamente à universidade, essa situação coloca em risco o bom funcionamento dos cursos, especialmente dos cursos dos cursos da pós-graduação. Portanto, precisamos urgentemente de abertura de concursos para a ocupação dessas vagas com docentes efetivos”, alerta.
Servidores também se reúnem
O Sindicato dos Técnicos Administrativos da Universidade Estadual de Londrina (ASSUEL) também realiza assembleia nesta quinta-feira (02). Os encontros vão acontecer em dois períodos: de manhã, a partir das 8h30, os trabalhadores se reúnem no anfiteatro do CESA (Centro de Estudos Sociais Aplicados), localizado no campus. Já no período da tarde, às 13h30, a plenária acontece no HU (Hospital Universitário).
Além de informes, a pauta prevê os seguintes pontos: discussão do pagamento da data-base e organização de ato marcado para o próximo dia 15. “O objetivo é a gente aprovar um calendário de mobilizações que vão se iniciar no dia 15, data da primeira paralisação por conta da inércia do governo em tratar da data-base. O Fórum das Entidades Sindicais protocolou um documento solicitando a abertura das negociações com o governo, mas até o momento, nós não obtivemos nenhuma resposta”, ressalta Marcelo Seabra, presidente da ASSUEL.
Ainda, segundo o sindicalista, o protesto visa trazer mais informações para população sobre as condições de trabalho cada vez mais sucateadas nas quais se encontram os servidores no estado. “Nós queremos chamar a atenção da sociedade em geral sobre a situação em que os servidores se encontram. Nós estamos em um patamar de cerca de 42% de defasagem salarial mesmo o governo tendo concedido 2% em 2020 e 3% em 2022. O governo precisa vir à mesa de negociação para estabelecer uma política de reposição para os servidores. Não é possível que a gente permaneça mais quatro anos neste governo sem uma política de recomposição salarial”, salienta.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.