No Dia do Orgulho LGBTQIA+, PV traz produção que resgata tensões, argumentos favoráveis e contrários ao PL 76/2021
Elaborado por Franciele Rodrigues, Gustavo Batista e Leiliani Peschiera, estudantes do 4º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Londrina (UEL), sob a supervisão da professora Mônica Panis Kaseker, o documentário sonoro aborda disputas travadas entre diferentes segmentos da sociedade em torno do Projeto de Lei (PL) 76/2021, que estabelece a criação do Conselho Municipal de Direitos LGBTQIA+ em Londrina.
Trata-se de um órgão consultivo, formado por representantes dos poderes públicos locais e da sociedade civil, com a finalidade de discutir políticas públicas voltadas a homossexuais, lésbicas, transexuais, travestis, pessoas não binárias, entre outras identidades de gênero. No entanto, o Projeto de Lei 76/2021, cuja autoria é do atual prefeito Marcelo Belinati (PP), foi rejeitado pela Câmara Municipal, obtendo 12 votos contrários, cinco de apoio e duas ausências.
Mesmo antes da sessão polêmica, realizada em 23 de setembro de 2021, quando manifestantes críticos e favoráveis ocuparam a entrada da Casa Legislativa com cartazes, rezas, terços e gritos de ordem, a proposição já havia despertado a atenção e sentimentos distintos entre grupos e coletivos da cidade, gerando, inclusive, a criação de manifestos como o emitido pela Arquidiocese de Londrina. Em face do tumulto, a entidade declarou-se publicamente em favor do novo Conselho.
Buscando conhecer quem são os agentes envolvidos, os argumentos contrários e favoráveis à iniciativa bem como as disputas travadas, surge o Entretons. Para a produção, foram ouvidos membros do Fórum LGBT e Frente Trans de Londrina como Vinicius Bueno (homem gay, articulador de manifestações em prol do Projeto) e Rafaella Rocha (mulher transexual, graduanda em Geografia na UEL), também vereadores de ambas as posições, ou seja, que votaram “sim” e “não” à proposta, são eles: Beto Cambara (Podemos), Lenir de Assis (PT), Lu Oliveira (PL).
Também moradores da cidade resistentes ao estabelecimento do Conselho, a exemplo da bacharel em Direito, Fernanda Carvalhaes, que se autodeclara como “conservadora e cristã” e Toni Reis, representante da Aliança Nacional LGBTI+. Além das entrevistas, o documentário sonoro resgata trechos de materiais veiculados por meios de comunicação locais (como RICTV Record, TV Tarobá, entre outros) a fim de demonstrar conflitos que perpassam a medida e a importância da imprensa para o registro e disseminação ampla dos fatos.
Confira
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.